23 de agosto de 2013 - 18h09
O secretário de Estado Adjunto da Saúde acusou hoje os médicos de estarem a emitir julgamentos sobre o processo de reorganização das urgências noturnas sem o conhecer na totalidade, o que os leva a fazer críticas sem sentido.
“Com certeza que, tanto a Ordem dos Médicos como os colégios estão a emitir, eventualmente, julgamentos sobre um processo que eles próprios ainda neste momento não conhecem na sua verdadeira dimensão, porque se o conhecessem bem, não podiam de forma nenhuma fazer as críticas que têm sido feitas”, afirmou Fernando Leal da Costa após a inauguração de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados, em Alenquer.
Como exemplo, o governante referiu que “o próprio tempo que eles pedem é aquele que, como ontem foi anunciado pelo Ministério da Saúde, é o calendário que está previsto até ao final do ano. Portanto, desse ponto de visto estão eventualmente a pedir uma coisa que nós próprios já tínhamos decidido fazer”.
Colégios pedem mais tempo e mais discussão
Os colégios das especialidades que vão ser concentradas na urgência metropolitana noturna de Lisboa pediram mais tempo e discussão informada sobre a reorganização das urgências, tendo o colégio da especialidade de cirurgia vascular sugerido, num parecer enviado à Ordem dos Médicos, o adiamento do início do processo para a cirurgia vascular para o dia 1 de outubro, “após preparação adequada e reunidos os requisitos necessários”.
Na quinta-feira, ao final do dia, o Ministério da Saúde divulgou um comunicado, dando conta de que o processo de concentração da urgência em Lisboa começou há um ano com otorrinolaringologia e vai prosseguir agora em mais duas fases: a primeira em setembro e outubro e a segunda em novembro e dezembro.
No entanto, não eram referidas quais as especialidades a serem concertadas em cada uma dessas fases.
Os colégios das especialidades de cirurgia vascular, urologia, cirurgia plástica e maxilo-facial e de neurologia enviaram à Ordem dos Médicos pareceres sobre a reorganização das urgências noturnas, nos quais apontam fundamentalmente dúvidas quanto à funcionalidade e à poupança económica.
Falta de informação
Os médicos criticaram também o facto de esta reforma não ter sido precedida de um debate informado com as várias especialidades envolvidas e lamentaram não terem sido envolvidos, nem tão pouco consultados sobre o processo.
Sobre o seu desconhecimento relativamente a este processo - que o secretário de Estado aponta como sendo um dos motivos para os médicos emitiram julgamentos infundados -, a Ordem questiona precisamente a razão por que os médicos não o conhecem.
A Ordem dos Médicos lamenta não ter tido conhecimento do plano, não ter sido consultada e não conhecer estudos relativamente a resta reforma.
O bastonário considera mesmo que o processo “foi conduzido secretamente, com o único fito de esconder as suas fragilidades e os problemas potencialmente graves” que daí vão advir para os doentes.

SAPO Saúde com Lusa