1 de julho de 2013 - 09h58

A aferição do estado de saúde da população, através de uma
amostragem de 3.000 pessoas, é o objetivo do programa “Saúde Porta a
Porta”, que está a ser feito por médicos cubanos em Vila Real de Santo
António.

A recolha de dados junto da população, que é visitada em
domicílios, associações locais ou juntas de freguesia, está a ser
realizada ao abrigo de um protocolo que a câmara assinou com as
autoridades de saúde de Cuba e que fez com que a autarquia algarvia
fosse pioneira no envio de doentes à ilha do Caribe para receberem
tratamentos que tinham dificuldade de obter através do Serviço Nacional
de Saúde (SNS).

O presidente da Câmara de Vila Real de Santo
António, Luís Gomes (PSD), explicou à Lusa que os dados sobre o estado
de saúde dos munícipes vão permitir saber cientificamente as principais
necessidades da população e as dificuldades que têm no acesso aos
cuidados através do SNS.

Assim, e como aconteceu em 2008, quando
enviou doentes a Cuba para serem operados às cataratas e fez o Governo
encontrar uma forma de melhorar o acesso dos algarvios à especialidade
de oftalmologia, a autarquia espera ficar na posse de dados que lhe
permitam depois definir medidas para as autoridades de saúde responderem
com maior eficácia nas especialidades em que a sua população tem mais
carências.

“O objetivo é termos um conhecimento claro do que são
as condições de acesso à saúde da população de Vila Real de Santo
António. As pessoas, hoje, o problema que têm é não terem condições para
acederem aos cuidados de saúde”, afirmou Luís Gomes.

O autarca
reconheceu que “os tempos de espera estão a aumentar para cirurgia e
para consultas, em áreas como oftalmologia ou a ortopedia”, e é
necessário tentar inverter isso, mas tendo um maior conhecimento das
necessidades concretas da população.

Sílvia Romão foi uma das
beneficiárias do programa e na consulta com as médicas cubanas que foram
à sua residência foi possível saber que não ia ao médico há 12 anos,
desde o nascimento da segunda de dois filhos.

“Trabalho desde as
11:00 às 24:00 e não tenho tempo para ir ao médico”, justificou,
sublinhando que, por vezes, sente fortes dores de cabeça e toma vários
comprimidos, mesmo sem prescrição.

Questionada sobre o trabalho
que está a ser realizado pela autarquia, esta residente em Monte Gordo
respondeu que é “bom, porque é difícil as pessoas acederem aos médicos,
quer por falta de tempo, quer por dificuldades em arranjar transporte”
para chegar a Faro caso seja necessário ser assistida por alguma
especialidade médica.

“Ainda o que me valeu quando o meu filho
teve doente e tinha que ir a Faro foi o transporte dado pela câmara, que
ajudou sempre que precisei”, disse.

As dificuldades no acesso são
sentidas por cada vez mais pessoas e até já a classe média tem
problemas para aceder aos serviços de saúde, considerou outra
beneficiária do programa, Fernanda Pires.

“A idade não ajuda e os
problemas vão surgindo, mas é cada vez mais difícil conseguir fazer
alguma coisa através do SNS”, afirmou, frisando que o programa “é mais
uma ajuda para conseguir ter assistência”.

 Lusa