Médicos britânicos apresentam tratamento contra tipo de leucemia

Médicos do Reino Unido defenderam a eficácia de um tratamento inovador contra um tipo agressivo de leucemia, o cancro infantil mais comum, após a remissão na primeira paciente que o recebeu.

Great Ormond Street children's hospital is pictured in London on March 10, 2020. - Great Ormond Street announced on Tuesday that it had cancelled surgery on any children with serious heart problems, for two weeks, after a health professional working there was diagnosed with the coronavirus COVID-19. (Photo by JUSTIN TALLIS / AFP) · JUSTIN TALLIS / AFP

Alyssa, de 13 anos, foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda T em 2021. No entanto, o seu cancro no sangue não respondeu aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia e o transplante de medula óssea.

A paciente participou, no Great Ormond Street Hospital for Children (Gosh) de Londres, num teste clínico para um novo tratamento, que usa células imunes geneticamente modificadas de um voluntário saudável.

Em 28 dias, estava em remissão, o que lhe permitiu receber um segundo transplante de medula para recuperar o seu sistema imunitário, explicaram os investigadores este fim de semana, durante a reunião anual da sociedade americana de hematologia.

Seis meses depois, Alyssa está bem e voltou para casa, em Leicester, Inglaterra, onde recebe acompanhamento médico. "Sem este tratamento experimental, a única opção de Alyssa eram os cuidados paliativos", destacou o hospital.

A leucemia linfoblástica aguda afeta as células do sistema imunitário, os linfócitos B e T, que protegem contra os vírus. Alyssa foi a primeira paciente conhecida a receber células T modificadas, assinalou o Gosh.

Investigadores do hospital e da University College de Londres ajudaram a desenvolver o uso de células T modificadas para tratar a leucemia de células B em 2015. Mas estas células T produzidas para atacar as células cancerígenas acabaram por se matar durante o processo de fabricação, o que levou os cientistas a pensar em outras soluções.

"É uma demonstração excelente de como, com equipamentos e infraestrutura, podemos combinar tecnologias laboratoriais avançadas com resultados concretos no hospital para os pacientes", destacou Waseem Qasim, consultor de imunologia e professor do Gosh. "Isso abre caminho para novos tratamentos e, em última instância, para um futuro melhor para as crianças doentes."

Alyssa declarou que participou do teste para si mesma, mas também para outras crianças doentes. “Espero que isso mostre que a investigação funciona e que pode ser oferecida a mais crianças” que sofrem com a doença, acrescentou a sua mãe, Kiona.