Para conseguir integrar este grupo restrito de médicos, David Ângelo, que é cofundador do Instituto Português da Face e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), precisou de ser referenciado por outros colegas, o que acabou por acontecer pelas mãos de um médico norte-americano e de dois cirurgiões espanhóis que pertencem à ASTMJS.
"Neste momento Portugal já tem um elemento representado [na ASTMJS], o que é muito bom. Nem todos os países europeus têm essa representação. Por exemplo, a Suíça, Bélgica, França ou Finlândia não têm nenhum elemento", detalhou o português.
Em entrevista à Lusa, o cirurgião explicou que essa sua distinção lhe confere a possibilidade de assistir a "encontros fechados, muito restritos, em que se discutem muitos dos protocolos e algoritmos de decisão clínica", que são trabalhados no seio da ASTMJS e, posteriormente, "alguns anos depois", é que a sociedade científica tem acesso a esse conteúdo.
"Eu vou ter acesso a essa informação de forma privilegiada, da mesma forma que também vou poder contribuir de uma maneira muito ativa para essas recomendações que são feitas pela Sociedade, e isso é ótimo", avaliou o estomatologista.
De acordo com David Ângelo, esta integração na ASTMJS irá ainda permitir-lhe discutir casos clínicos mais complexos com membros muito experientes daquela Sociedade, o que, na prática, permitirá que os seus doentes tenham acesso a "uma discussão clínica mais especializada".
No seu currículo, David Ângelo tem uma linha de investigação que desenvolve há mais de 10 anos, e que conduziu ao seu doutoramento, que é a regeneração da articulação temporomandibular, ou seja, tentar regenerar as articulações com grande desgaste.
Contudo, o médico garantiu que hoje ainda não é possível tratar esses doentes de forma eficaz, explicando que os estudos que desenvolveu são preliminares, feitos em animais, e que essa linha ainda deverá demorar muitos anos até ser implementada no mercado.
Além disso, o especialista detém uma outra linha de investigação, relacionada com uma análise profunda dos mais de 500 doentes que foi tratando ao longos de vários anos de profissão, em que analisa os "algoritmos de decisão clínica, os resultados, complicações e eficácia dessas técnicas", permitindo que consiga propor um determinado tratamento a um doente e ter uma previsibilidade muito maior do resultado.
De acordo com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde leciona, David Ângelo criou ainda um protocolo de tratamento único a nível mundial, que permite uma recuperação mais rápida dos pacientes com disfunção da articulação temporomandibular e resultados mais duradouros.
Todos os trabalhos do médico português são publicados em revistas científicas, normalmente norte-americanas, como no ‘International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery’.
"São revistas onde é muito difícil publicar e eu tenho tido o privilégio de conseguir fazê-lo com alguma facilidade", afirmou o estomatologista, que integra igualmente a Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular, tornando-se também no primeiro médico português a fazer parte desse grupo.
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