O Hospital de Portalegre atingiu este ano um “número recorde" de partos, tendo já contabilizado mais de 500, o que representa um aumento superior a 40% em relação a 2011, revelou hoje à agência Lusa um responsável hospitalar.
António José Miranda, membro do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), justificou que o aumento do número de partos se deve à “preferência” das grávidas da região pelo Hospital de Portalegre, em “detrimento” do de Badajoz (Espanha).
De acordo com dados fornecidos pela ULSNA, até 31 de agosto deste ano, foram efetuados “nove partos”, em Badajoz, a parturientes da zona raiana portuguesa, contra “182” realizados durante o ano de 2011.
Em Portalegre, realizaram-se, até ao dia 20 de novembro do ano passado, 363 partos, mas este ano a unidade já atingiu um “número recorde” de 500 partos.
De acordo com António José Miranda, a subida do número de partos em Portalegre está também relacionada com as “melhorias das condições da maternidade” e com o “empenho” da equipa envolvida, nomeadamente com o projeto “Maternidade mais Próxima da Comunidade”.
Este projeto consiste no acompanhamento por enfermeiras especialistas em saúde materna e obstétrica às parturientes dos 15 concelhos do distrito de Portalegre.
A iniciativa, considerada “pioneira no país”, é desenvolvida pela ULSNA desde finais de 2011 e consiste em cursos de preparação para o parto, distribuídos pelos 16 centros de saúde do distrito.
“O profissionalismo dos colaboradores da ULSNA fez com que uma grande parte das grávidas recorresse à nossa maternidade, principalmente as grávidas de Elvas e Campo Maior, em detrimento de Badajoz”, disse.
O mesmo se passa, segundo António José Miranda, que desempenha o cargo de enfermeiro diretor da ULSNA, com as grávidas do concelho de Ponte de Sor, que “normalmente” recorriam ao Hospital de Abrantes, no distrito vizinho de Santarém.
“Precisamos de valorizar os recursos do nosso distrito e com o envelhecimento da população tem que existir uma aposta na qualidade da natalidade. As autarquias têm sido um parceiro essencial neste projeto”, sublinhou.
De acordo com a ULSNA, “não se verificou” qualquer alteração na possibilidade de acesso das parturientes de Elvas e Campo Maior aos cuidados de saúde em Badajoz.
No entanto, esclareceu que é necessário que as grávidas apresentem uma declaração da ULSNA, dando cumprimento à Lei dos Compromissos, desde que a situação “não seja urgente”.
Em julho deste ano, o Governo português pagou mais de 2,3 milhões de euros em dívida às autoridades da Estremadura espanhola relativos a partos e assistência hospitalar a grávidas do Alentejo no Hospital de Badajoz.
Na altura, o porta-voz da ULSNA, Ilídio Pinto Cardoso, explicou que a dívida ao serviço de saúde daquela região espanhola “está paga na totalidade”, regularizando-se valores em atraso “desde 2008”.
O responsável adiantou ainda que o protocolo entre Portugal e as autoridades espanholas continua em vigor.
21 de novembro de 2012
@Lusa
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