Qual a importância da consciencialização do cancro da pele?
A saúde da pele é fundamental para o bem-estar geral, mas muitas vezes negligenciamos os cuidados necessários para protegê-la adequadamente. O cancro da pele é uma das maiores preocupações nesse sentido, com uma incidência crescente de ano para ano.
Quais os principais fatores de risco para desenvolvimento deste tipo de cancro?
O cancro da pele é causado, principalmente, pela exposição aos raios ultravioleta (RUV) do sol, mas também pode ser influenciado por fatores genéticos, história pessoal ou familiar de cancro da pele, idade e imunossupressão. Do ponto de vista das características pessoais estão mais predispostas as pessoas com pele e cabelo claros ou ruivos, mas também com presença de sardas ou de muitos sinais na pele. Por outro lado, as cabines de bronzeamento artificial, vulgo solários, são outra fonte muito perigosa de RUV.
Que tipo de prevenção se deve adotar para prevenir o cancro cutâneo?
Existem medidas ”simples” que podemos adoptar para proteger a pele dos danos causados pelo sol:
- Evitar a exposição solar nas horas de maior intensidade de RUV (entre as 11 e as 17 horas). Para este fim pode consultar-se o índice de RUV que consta da página do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera). Sempre que constate a informação «alto ou muito alto» existe perigo de exposição.
- Usar chapéu de abas largas, roupa de manga e perna comprida, que proteja o pescoço e a área do decote, especialmente durante as horas do pico de radiação solar.
- Uso de óculos escuros.
- Aplicação diária de protetor solar com um fator de proteção solar (FPS) adequado (sempre superior a 30, idealmente 50+ e que inclua proteção UVB+UVA).
- Aplicar o protetor 15-30 minutos antes de exposição solar, reaplicar de 2 em 2 horas na quantidade de 2mg/cm2.
- Não frequentar solários.
- Aplicar auto-bronzeadores com dihidroxiacetona em pessoas que insistem em ter pele bronzeada.
- Ter particular cuidado com as crianças: não as expor diretamente ao sol, nomeadamente, as que tenham idade inferior a 2 anos; redobrar os cuidados referidos anteriormente; comprar protetores solares adequados à idade pediátrica.
- Ingerir água em dias de calor e adotar uma dieta saudável e variada rica em antioxidantes e vitaminas que podem complementar a fotoproteção interna e consequentemente a diminuição do dano actínico.
Que tipos de cancro de pele existem e como se diferenciam?
Existem diferentes tipos de cancro da pele: os mais comuns, por ordem de frequência são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma maligno. O carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular são frequentemente referidos como "cancros da pele não melanoma". Geralmente desenvolvem-se em áreas da pele cronicamente expostas ao sol, como a face, no entanto,podem surgir noutros locais do corpo dependendo do tipo de exposição ao sol.
É também importante referir as lesões pré-malignas que se desenvolvem, sobretudo, no couro cabeludo de homens calvos, no dorso das mãos e nos antebraços e que se apresentam com aspecto de escamas amareladas, ásperas ao toque. Quando se tornam mais espessas podem significar uma evolução para carcinoma espinocelular.
O melanoma maligno é menos comum, mas omais perigoso porque pode disseminar-se para outros órgãos se não for tratado precocemente (denominada metastização), sendo que resulta,principalmente, de escaldões na pele em idades jovens Nesse sentido, é importante estar atento ao aparecimento de novos sinais na pele, mas também aos que já existiam e onde se detetam alterações na cor, tamanho, forma ou textura, assimcomo a sinais que mudam rapidamente de aspecto, sangram, dão prurido ou desconforto. Existe uma regra básica do A, B, C, D, E (assimetria, bordo irregular, coloração heterogénea, diâmetro superior a 6 mm e evolução/elevação),. mas, nestes casos, o mais seguro será consultar um dermatologista em caso de dúvida porque estas regras podem falhar. O carcinoma basocelular ou basalioma tem formas de apresentação clínica muito variadas, sendo difícil descrevê-las todas aqui. Diria que pequenas feridas que alternam períodos de cicatrização com outros de atividade ou mesmo feridas que não cicatrizam ao fim de 3 meses devem ser observadas por um dermatologista.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é, na maioria das vezes, clínico o que significa observação médica direta sem necessidade de recurso a exames complementares de diagnóstico,isto se o médico for dermatologista, o especialista das doenças da pele.
Existem também exames complementares importantes que são utilizados na rotina médica, como o dermatoscópio manual ou digital e, naturalmente, o exame histopatológico resultante da biópsia cutânea. Todas as peças operatórias devem ser submetidas a exame histológico.
Qual a importância do autoexame para uma deteção precoce?
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para o tratamento eficaz do cancro da pele e podem ajudar a prevenir complicações graves. Consultar um dermatologista regularmente para exames da pele e autoexames frequentes também são medidas importantes para detetar o cancro da pele o mais cedo possível.
Qual o papel da exposição solar na incidência do cancro da pele?
Os raios ultravioletas (RUV) emitidos pelo sol (ou em alternativa pelos solários) são os principais responsáveis pelos danos na pele. A exposição excessiva ao sol pode levar a queimaduras solares, rugas prematuras, manchas escuras, envelhecimento acentuado da pele e, o mais preocupante, aumento do risco de desenvolver cancro da pele.
É importante lembrar que os danos causados pelo sol são cumulativos, o que significa queos seus efeitos não são imediatos pelo que não se detetam a curto prazo. O facto de não ter existido exposição ao sol nos últimos anos não significa que não se possa sofrer os efeitos dos seus malefícios porque na maioria das vezes essa exposição fez-se em idades precoces, até aos 25 anos.
Quais os mitos mais comuns que existem sobre o cancro da pele e que seria importante desmistificar?
Existem muitos equívocos sobre o sol e a proteção solar que podem levar as pessoas a subestimar os seus riscos. Um dos mitos mais comuns é o facto de não ser necessário proteger a pele em dias nublados, uma ideia incorreta dado queos raios UV atravessam as nuvens e podem causar danos à pele.
Outro equívoco é de que o bronzeamento artificial é seguro. O bronzeamento artificial aumenta o risco de contrair cancro da pele porque as cabines emitem radiação ultravioleta numa quantidade que é impossível de contabilizar. Por fim, a de que o uso de protetor solar impede a produção de vitamina D. Ora o bronzeado não aumenta a produção de vitamina D, muito pelo contrário.
A quantidade de exposição solar necessária para a produção adequada de vitamina D pode variar dependendo de vários fatores, incluindo a época do ano, a latitude, a cor da pele, a idade e o uso de protetor solar. No entanto, geralmente, a exposição regular ao sol por curtos períodos é suficiente para sintetizar quantidades adequadas de vitamina D. Em média, cerca de 5 a 30 minutos de exposição ao sol nos braços, pernas, rosto ou costas, duas vezes por semana, sem protetor solar, podem ser suficientes para a produção de vitamina D em quantidades adequadas. Isso normalmente é possível durante os meses de verão em regiões com níveis adequados de radiação ultravioleta B (UVB), como é o caso de Portugal.
No entanto, é importante relembrar que a exposição solar excessiva pode aumentar o risco de danos à pele, como queimaduras solares e cancro da pele, sendo essencial equilibrar a obtenção de vitamina D com a respetiva proteção .
Pessoas com pele mais escura podem precisar de exposição ao sol por períodos ligeiramente mais longos para sintetizar quantidades suficientes de vitamina D, devido à capacidade reduzida da pele de produzir vitamina D em resposta à radiação UVB.
Além disso, durante os meses de inverno ou em áreas com baixa exposição solar, pode ser necessário recorrer a fontes alimentares de vitamina D ou suplementação alimentar para cobrir as necessidades diárias dessa vitamina. É sempre recomendável consultar o médico para obter orientações personalizadas sobre a exposição solar e a suplementação de vitamina D. Mas uma coisa é possível assegurar: a necessidade de ter níveis recomendados de vitamina D nunca pode passar por colocar a pele em risco.
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