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Presença de técnicos de cardiopneumologia nas urgências seria uma das soluções para o problema
21 de maio de 2013 - 09h49
Um em cada cinco doentes que entram nas urgências com sintomas leves de enfarte são triados como casos não urgentes, por o seu problema não ser identificado, revelou hoje o presidente da Associação Portuguesa de Cardiologia de Intervenção (APCI).
Helder Pereira falava à Lusa a propósito do balanço de um ano de plena atividade em Portugal do programa Europeu Stent For Life, que visa diminuir a mortalidade por enfarte através de uma ação rápida, quer no pedido de ajuda dos doentes, quer na intervenção médica, que passa pela realização de angioplastias.
A triagem de Manchester (sistema de triagem por prioridade nas urgências hospitalares) pode representar nestes casos um entrave, porque se o doente se dirige pelos seus próprios meios ao hospital e entra com uma dor torácica leve ou uma dor abdominal alta não traumática pode ser triado como não urgente, o que acontece em 21% dos casos, explicou.
Como não é possível alterar sistema de triagem existente, o especialista sugere – proposta que já apresentou à tutela - a presença de técnicos de cardiopneumologia nas urgências, para fazerem eletrocardiogramas e reportarem os doentes que a triagem falha.
No entanto, Helder Pereira reconhece que este é “um problema menor” no âmbito do programa Stent For Life, que tem conhecido “grandes melhorias” desde que foi implantado em Portugal.
O principal problema que este projeto tem tentado resolver, e que de certa forma está ligado à questão das urgências hospitalares - é o atraso no atendimento do doente por este se deslocar pelos seus meios para um hospital quando sente dor no peito, em vez de chamar o INEM.
“Temos registado progressos sobretudo no atraso do doente, que era uma das principais barreiras. De 33% de doentes que ligavam para INEM, passou-se para 38%. Parece pouco mas é um progresso significativo, porque em situações de enfarte os minutos contam muito”, afirmou.
Quanto à mediana de tempo desde que começa a dor até pedir ajuda, baixou dos 118 minutos para 102 minutos, e a percentagem de pessoas que se dirigiam pelos seus meios para o hospital caiu de 60% para 40%, acrescentou o especialista.
O responsável pelo Stent For Life em Portugal destaca que “este programa tem como objetivo conseguir chegar ao número de 600 angioplastias primárias por milhão, por ano, e neste momento já se ultrapassou os 300 por milhão”.
Outro aspeto que melhorou foi a rede de atuação no país, já que o Alentejo, única que região que ainda estava de fora, passou a estar abrangido por infraestruturas de angioplastia primária, desde 2012.
Além disso, foi criada em cada uma das cinco regiões de saúde do país “um mini Stent For Life” que coordena as ações nas respetivas regiões.
Helder Pereira refere ainda o sucesso da parceria com o INEM.
Por um lado, o INEM transmite imediatamente ao hospital para onde se dirige o eletrocardiograma do doente, de forma a que quando o doente chega esteja tudo preparado para fazer uma angioplastia primária.
Por outro lado, o INEM passou a fazer o transporte destes doentes entre hospitais (nos casos em que a pessoa se dirige pelos seus meios a um hospital que não efetue angioplastias).
“O INEM já assume a missão de transportar os doentes. No momento zero [ano de arranque do projeto, em 2011], nenhum doente foi transportado entre hospitais pelo INEM. Neste momento esse transporte já é assegurado em 31% dos casos”, explicou.
O balanço da iniciativa Stent For Life em Portugal vai ser apresentado hoje em Paris.
Segundo Helder Pereira, Portugal foi convidado a participar no “Congresso Euro PCR” por ser um exemplo de “sucesso com gastos reduzidos”, para outros países.
Lusa
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