
Há três anos, na noite de 1 de março, a antiga enfermeira Rita Henkinet administrou uma dose de tranquilizantes letal aos dois filhos. Arnaud, de 24 anos, e Audrey, de 26, sofriam de uma doença genética associada a deficiências físicas e mentais. Não resistiram às injeções.
No final de fevereiro deste ano, Rita Henkinet voltou a sentar-se no banco dos réus do tribunal de Liège, na Bélgica, para ser julgada pela morte dos dois jovens. O irmão dela, Benoit, é acusado de cumplicidade.
Ao juiz que preside a instrução do processo criminal, Rita Henkinet declarou que tirar a vida aos dois filhos foi um ato de amor. A mãe tentou justificar as ações dizendo que os jovens sofriam "cada vez mais" de dia para dia.
Na audiência, um psicólogo caracterizou Rita Henkinet como uma mulher "em constante necessidade de controlo". Outro especialista destacou a relação "intensa" da mãe com os filhos, com quem "fortemente se identificava".
Na altura em quando morreram, Arnaud e Audrey viviam no hospital psiquiátrico e passavam apenas o fim de semana com a mãe.
Os psicólogos e psiquiatras garantem que Rita Henkinet vive num quadro obsessivo-compulsivo e que perder o controlo dos filhos para a instituição desgastou-a e "aumentou-lhe" o stress. Depois de matar os filhos, Rita tentou suicidar-se.
Eutanásia na Bélgica
A Bélgica legalizou o suicídio assistido em 2002. Foi o segundo país da União Europeia a fazê-lo, depois da Holanda.
Contudo, esse desejo não pode ser expressado por outra pessoa. O mesmo acontece com crianças menores. Há dois anos, a Bélgica tornou-se o primeiro país do mundo a remover as restrições de idade no suicídio assistido. Uma criança com uma doença terminal e em sofrimento pode solicitar a morte assistida, mas ninguém a pode solicitar por ela, explica a radiotelevisão alemã pública Deutsche Welle.
A lei não pode, por isso, ser ampliada para incluir a eutanásia em pessoas com deficiência, uma vez que é expressa e inequívoca: se o paciente com deficiência mental é incapaz de tomar e expressar essa decisão não pode haver eutanásia.
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