5 de agosto de 2013 - 13h11
 O secretário-geral da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, disse hoje que vai pedir esclarecimentos aos três Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) e ao Ministério da Saúde sobre a alegada recusa aos doentes de medicamentos inovadores.
Em declarações à agência Lusa, a propósito de uma notícia veiculada hoje no Diário de Notícias, que dá conta de que a Ordem dos Médicos terá pedido explicações ao Ministério da Saúde sobre uma alegada recusa dos três IPO (Lisboa, Porto e Coimbra) em fornecer medicamentos a doentes com cancro, Vítor Veloso disse ter ficado muito preocupado com a situação.
“É uma situação de preocupação para a Liga porque nós somos a associação que representa mais expressivamente os doentes oncológicos e porque existem ligações muito estreitas entre os centros de oncologia”, disse.
De acordo com o Diário de Notícias de hoje, o veto dos IPO atinge alguns fármacos, considerados demasiado caros e que, alegadamente, levantam dúvidas quanto à eficácia.
“A verificarem-se estas situações, devem ser esclarecidas e penso que o Ministério da Saúde tem de dar a cara a uma situação que nos parece situar-se dentro de uma certa irregularidade”, salientou.
Na opinião do responsável, a união dos três IPO no sentido de fazer uma restrição drástica em determinados medicamentos põe em causa o tratamento inovador aos doentes oncológicos.
Vítor Veloso disse à Lusa que a Liga tem recebido várias dezenas de queixas relacionadas com a recusa de medicamentos.
“Preocupa-nos as desigualdades que existem. Alguns hospitais dão tudo, outros não dão nada. É uma situação que, a nível nacional, é quase caricata e é inconstitucional. A nossa constituição diz que todos os doentes têm de ter os mesmos direitos e as mesmas acessibilidades. Por isso, este é um assunto de Estado, um assunto para o Ministério da Saúde”, sublinhou.
O responsável disse também que a Liga não está favor de terapias que estão em fase experimental e que não dão uma sobrevivência adequada e qualidade de vida ao doente.
“Estou a favor das terapêuticas que dão qualidade de vida e uma sobrevivência maior aos doentes (…). Não estamos em tempos de despesismo ou usar medicamentos que não têm interesse nenhum”, disse.
O secretário-geral da LPCC lamentou ainda que as associações de doentes com cancro não tenham um representante nas comissões hospitalares que tomam decisões sobre os medicamentos.
“Acho estranho que as associações dos doentes não tenham sido ouvidos. As associações deveriam ter sido auscultadas e tomado parte neste tipo de decisões”, disse.
Vítor Veloso lembrou ainda que o objetivo da Liga é defender o doente oncológico e colaborar com as instituições e centros que “são uma referência, que trazem inovação e melhores tratamentos” aos doentes com cancro.
Lusa