O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos disse hoje que são cada vez mais os utentes que não conseguem aviar todos os medicamentos nas farmácias, por dificuldades financeiras, tendo atribuído parte desta situação a uma certa “libertinagem na prescrição”.

“É uma situação triste que, muitas vezes, acontece porque os médicos continuam a prescrever medicamentos caros em vez de optarem pelos genéricos que são muito mais baratos”, afirmou Carlos Maurício.

Se os médicos prescrevessem mais genéricos, adiantou o bastonário, muitos utentes poderiam adquirir fármacos praticamente sem custos, uma vez que o seu preço baixou 58 por cento nos últimos dois anos.

Às dificuldades financeiras dos utentes, alia-se a crise que as farmácias atravessam e que impedem, em certos casos, a atribuição de crédito como aconteceu durante décadas.

“A conta na farmácia é uma coisa comum. Estes estabelecimentos têm financiado o sistema de saúde durante anos e anos, mas agora estão numa situação de tal forma grave que muitas vezes não podem adiantar os medicamentos aos utentes”, frisou.

Carlos Maurício diz que são frequentes os casos em que os utentes escolhem alguns dos medicamentos prescritos pelos médicos por não terem dinheiro para aviar toda a receita e que o farmacêutico participa nesta escolha para minimizar os efeitos da falta de uma receita completa.

O bastonário defende que o estado estabeleça regras na prescrição, de forma a que não se prescrevam medicamentos caros quando já existem mais baratos no mercado e “com a mesma qualidade”.

Para Carlos Maurício, as farmácias chegam ao final do ano numa situação muito difícil, com muitas a fecharem por insolvência e outras a pedirem um ano de suspensão do alvará.

“Por cada farmácia que fecha, principalmente no interior, ficam milhares de portugueses sem acesso ao medicamento e, mais que isso, ao aconselhamento”, disse.

14 de dezembro de 2012

@Lusa