
Esta é já a 5.ª edição do PRIO Softboard Heroes. Como tem sido ver este projeto crescer ao longo dos anos?
Tem sido um verdadeiro privilégio assistir ao crescimento do PRIO Softboard Heroes. Desde o início, quisemos criar algo leve, inclusivo e com um propósito claro. Ver que essa essência se mantém — e se reforça — a cada edição, enche-me de orgulho. Este é um evento onde o mais importante são os sorrisos, dentro e fora de água, a boa disposição e o espírito solidário que une todos os envolvidos.
Mais do que uma competição, é uma celebração do surf com impacto social. Ao longo destes cinco anos, já conseguimos apoiar mais de uma dezena de instituições, com um total de 55.500 euros doados. Este ano juntamos mais quatro associações solidárias à lista, dando-lhes um apoio no valor de 20.000 euros. É isso que me faz acreditar que estamos a remar na direção certa.
Como nasceu a ideia de juntar surf, solidariedade, sustentabilidade e arte num só evento?
Foi algo que surgiu de forma bastante orgânica. Estas quatro dimensões fazem parte da identidade do PRIO Softboard Heroes desde o início. O surf é a base, a solidariedade dá-lhe o propósito, a sustentabilidade é o compromisso e a arte é a forma criativa de amplificar a mensagem.
O concurso de arte, cujas candidaturas decorreram até dia 2 de maio, nasceu dessa vontade de alertar para o impacto da poluição nas praias e, ao mesmo tempo, promover a criatividade através da reutilização de materiais. Lançámos o desafio a artistas de todo o país para criarem obras originais, usando resíduos recolhidos nas praias ou materiais recicláveis. As 10 obras selecionadas vão estar expostas na galeria PRIO Softboard Heroes Art Room, na Noah Surf House, em Santa Cruz, a partir de 3 de junho. Com esta iniciativa pretendemos inspirar, provocar reflexão e gerar impacto real. Além disso, parte das receitas das vendas das peças será doada às quatro instituições envolvidas nesta edição.
Este ano, o evento vai apoiar quatro instituições. Quais são, como foram escolhidas e de que forma o evento vai contribuir para cada uma?
Este ano apoiamos quatro instituições com um trabalho extraordinário de inclusão e responsabilidade social. A SURFaddict leva o surf a pessoas com mobilidade reduzida; a Fundação Ronald McDonald garante que as famílias se mantêm unidas em momentos delicados; a Make-A-Wish realiza sonhos de crianças com doenças graves; e o Centro Social de Silveira trabalha todos os dias com quem mais precisa na comunidade local. A escolha é sempre feita em conjunto — duas são propostas pela organização, uma pela PRIO, que está connosco como patrocinador principal desde a primeira edição, e outra pela Câmara Municipal de Torres Vedras, que também desempenha um papel fundamental para a existência e sucesso deste evento. Este modelo colaborativo permite-nos apoiar diferentes áreas de intervenção social, todas com um impacto muito concreto nas comunidades.
Além do apoio angariado pela competição, parte das receitas da galeria Art Room também será canalizada para estas instituições, reforçando o compromisso solidário do evento.
Receberam algum feedback de instituições que já ajudaram? Qual foi?
Sim, e é sempre muito gratificante. O feedback que recebemos das instituições é fundamental porque é através dele que percebemos o verdadeiro impacto do evento. Não se trata apenas das doações monetárias, mas também da energia positiva e do sentimento de união que o PRIO Softboard Heroes pode gerar. Saber que, de alguma forma, conseguimos contribuir para a missão destas associações é o que nos dá motivação para continuar e crescer.
A grande novidade desta edição é o concurso de arte sustentável. O que esperam ver nas obras submetidas?
O "Art Room" nasce da ideia de que o planeta precisa de mais criatividade e de menos poluição. Por isso, esperamos ver peças originais, criativas e, claro, com uma mensagem forte ligada à sustentabilidade e à proteção ambiental. Lançámos o desafio de transformar resíduos em arte, porque acreditamos que a criatividade pode ser um poderoso instrumento de sensibilização. A arte tem essa capacidade de emocionar e de fazer pensar, e é precisamente isso que queremos ver: obras que reflitam preocupações ambientais, mas que, ao mesmo tempo, transmitam ação.
Na sua opinião, de que forma é que a arte pode ajudar a sensibilizar a população para as questões ambientais?
A arte tem uma linguagem universal e um poder transformador. Quando falamos de temas como a poluição, o desperdício ou as alterações climáticas, é fácil cair na saturação da informação. A arte quebra esse ciclo: emociona, provoca, faz pensar. Ao dar nova vida a materiais descartados, mostramos que é possível repensar o consumo, reutilizar com propósito e criar valor onde antes só víamos lixo.
Assim, e como referido anteriormente, acredito que é uma ferramenta de sensibilização e um apelo à ação. É isso que pretendemos com a Art Room: provocar reflexão, inspirar mudança e reforçar a urgência de cuidarmos do ambiente.
Como será a galeria Art Room na Noah Surf House — o que o público pode esperar?
A Noah Surf House é um espaço que vive e respira sustentabilidade em todas as suas dimensões, desde o uso de materiais reciclados na sua construção e decoração até ao uso exclusivo de painéis solares e LEDs e reutilização de águas pluviais. É, por isso, o cenário perfeito para receber esta galeria. Quem nos visitar pode contar com um espaço onde a arte e o ambiente se encontram, com 10 obras criadas a partir de materiais reutilizados, todas com mensagens impactantes sobre a importância da preservação ambiental. Queremos que quem assiste ao campeonato volte para casa inspirado, mas também com uma nova perspetiva sobre as suas práticas diárias e como pode melhor contribuir para a proteção do nosso planeta.
O evento junta surfistas profissionais, artistas e várias figuras públicas. Como tem sido a adesão e o envolvimento destas pessoas ao longo dos anos?
Tem sido absolutamente incrível ver a forma como tanto surfistas, artistas e celebridades se envolvem com o PRIO Softboard Heroes. Desde a primeira edição, a adesão ao evento tem superado todas as nossas expectativas e, não só pela disponibilidade em participar, mas pela entrega com que cada um abraçam a causa.
O ambiente descontraído, aliado ao propósito solidário do evento, cria uma ligação muito especial entre todos os participantes. Vê-los na água, sem quaisquer pressões competitivas, e fora dela, a contribuir ativamente para apoiar as associações, é algo que nos motiva, ano após ano, a continuar.
Como ex-surfista profissional, que importância tem para si continuar ligado ao surf, agora com um propósito solidário?
O surf faz parte de quem sou. Cresci com ele enquanto atleta profissional e tive o orgulho de representar Portugal dentro de água. E, agora, poder mantê-lo presente na minha vida com um propósito ainda maior, dá-me um enorme sentido de realização. O PRIO Softboard Heroes permite-me devolver ao surf um pouco de tudo o que ele me deu, agora com impacto social. Mais do que uma competição, é sobre empatia, comunidade e responsabilidade social. É muito bom perceber que, através do surf, conseguimos tocar vidas e criar mudanças reais na vida dos mais vulneráveis.
Podemos contar com mais edições do PRIO Softboard Heroes? Já existem ideias para a sexta edição? O que é que já pode ser partilhado?
A vontade é, sem dúvida, continuar e fazer crescer este projeto. Queremos continuar a aumentar o valor doado, envolver mais pessoas e apoiar mais instituições. Esta quinta edição é, sem dúvida, a mais ambiciosa até agora, e todas as energias estão concentradas nela.
Ainda é cedo para revelar detalhes sobre a sexta edição, mas há muitas ideias em cima da mesa e um entusiasmo enorme para continuar a surpreender. Para mim, o mais importante é manter viva esta missão e garantir que cada ano traz algo de novo, sem nunca perder o espírito que nos trouxe até aqui.
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