Este primeiro caso mundial mostra que a "remissão prolongada após o tratamento precoce poder ser feito numa criança infetada pelo VIH desde o nascimento", refere o estudo francês apresentado por Asier Sáez-Cirion, do Instituto Pasteur, na oitava conferência sobre a patogénese do VIH, que decorre até quarta-feira em Vancouver.

O conceito de remissão a longo prazo, após tratamento antirretroviral precoce para controlar a infeção por VIH, já tinha sido destacado num estudo divulgado pela ANRS Visconti, em 2013.

O estudo foi realizado junto de uma criança nascida em 1996, "infetada no final da gravidez ou durante o parto pela mãe que tinha uma carga viral não controlada".

A criança foi imediatamente tratada com antirretrovirais durante seis semanas e diagnosticada como portadora do VIH um "mês depois do nascimento", segundo o trabalho do Instituto Pasteur.

"Dois meses depois, e após ter sido interrompido o tratamento profilático, a criança tinha uma carga viral muito alta, levando ao início de uma terapia combinada com quatro antirretrovirais" para os primeiros seis anos, disse o médico.

A criança interrompeu o tratamento durante um ano e, um ano mais tarde, quando voltou a ser reexaminada, tinha uma carga viral indetetável e foi decidido mantê-la sem tratamento.

Até aos 18 anos, a jovem manteve sempre uma carga viral indetetável sem nunca mais ter tomado antirretrovirais, refere o estudo.

Apesar deste caso de remissão abrir novas perspetivas para a pesquisa, não deve ser considerada como uma cura, salienta o estudo, salientando que a jovem continuam infetada e é impossível prever a evolução da sua condição.