O número de mortos subiu para 133 nas últimas 24 horas, alcançando um total de 366, informou a direção de Proteção Civil, uma quantia alarmante, que coloca Itália atrás apenas da China, tanto pelo número de mortes quanto pelo de contágios.
O número de casos positivos no país subiu para 7.375, a maioria na Lombardia (norte), com 4.189 infecções e 267 mortes, informou o encarregado da Proteção Civil, Angelo Borrelli.
O balanço caiu como um balde de água fria, visto que um quarto da população, mais de 15 milhões de pessoas, foram confinadas numa medida sem precedentes tomada na Europa para tentar conter a propagação do coronavírus, que já contaminou 109 mil pessoas em todo o mundo.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou as medidas corajosas tomadas por Itália, qualificando-as de "verdadeiros sacrifícios".
As entradas e saídas da área estarão estritamente limitadas a partir deste domingo até 3 de abril, segundo um decreto divulgado pelo governo durante a madrugada.
A medida afeta uma ampla região do norte de Itália, o coração produtivo do país e que vai de Milão, capital económica, a Veneza, marco do turismo mundial.
Itália tomou medidas similares às aplicadas em Hubei, província chinesa onde surgiu a epidemia em dezembro passado e onde foram isoladas em quarentena 56 milhões de pessoas.
Papa em vídeo
Milão amanheceu deserta, com as ruas vazias, o que gerou angústia e desconcerto na capital económica da península e enquanto algumas pessoas se questionavam sobre o que se podia fazer, outras aproveitaram para deixar a cidade.
O papa Francisco apareceu pela primeira vez em vídeo para manifestar a sua proximidade com os doentes na sua primeira oração dominical por streaming, uma medida exigida por Itália para conter o vírus e evitar aglomerações.
Na pujante região da Lombardia e em outras 14 províncias foram proibidos todos os eventos culturais, desportivos e religiosos, assim como o encerramento de discotecas, pubs, escolas de dança e locais similares.
O medo de uma propagação que colocaria em cheque o sistema sanitário italiano é tal que também museus, teatros, cinemas e outras salas de espetáculos de todo o país fecharam as portas.
Primeiras mortes na América Latina e em África
No total, 99 países foram afetados pelo COVID-19, doença provocada pelo vírus que já matou mais de 3.792 pessoas em todo o planeta, segundo o último balanço divulgado este domingo.
Na América Latina registou-se a primeira morte: um homem de 64 anos, que faleceu em Buenos Aires (Argentina).
O Egito anunciou um primeiro óbito em Hurgada (sudeste), o primeiro registado na África pela epidemia.
A Ilha de Malta e o Paraguai também anunciaram os seus primeiros contágios. Nas Maldivas detectaram-se os dois primeiros casos, assim como na Bulgária.
A França, quinto país mais afetado, regista 16 mortos e 949 casos, enquanto a China anunciou este domingo 27 novas mortes, elevando o total de óbitos no país a 3.097.
França e Alemanha proibiram reuniões com mais de mil pessoas e temem um rápido aumento dos casos.
Com mais de 7.000 contágios, a Coreia do Sul é o terceiro país mais afetado. É seguido do Irão, onde foram registadas 194 mortes e 6.566 contágios.
Nos Estados Unidos, com 19 mortes e 400 casos, o navio de cruzeiro "Grand Princess", parado em frente à costa de São Francisco desde que foram detectados a bordo 21 casos de coronavírus, obteve a autorização para atracar na cidade vizinha de Oakland e os seus passageiros vão desembarcar na segunda-feira.
Eventos cancelados
Diante da expansão do coronavírus, autoridades de meio mundo cancelaram eventos desportivos e adiaram manifestações, como a Maratona de Barcelona (Espanha), prevista para 15 de março.
Em Itália, o ministro do Desporto, Vincenzo Spadafora, pediu a suspensão imediata da Série A de futebol.
O Grande Prémio de Fórmula 1 do Bahrein, previsto para 22 de março, será disputado sem público.
A Hungria cancelou a realização da festa nacional de 15 de março em Budapeste. No Canadá foi cancelado o Campeonato Mundial de Hóquei sobre Gelo feminino.
Treze países fecharam as suas escolas, deixando 300 milhões de estudantes em todo o mundo sem aulas durante várias semanas.
Em El Salvador, o presidente Nayib Bukele proibiu a entrada de pessoas provenientes de Alemanha, França, China, Coreia do Sul, Itália e Irão.
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