
Os cientistas coletaram amostras de sangue de uma paciente infectada com o novo coronavírus e hospitalizada com sintomas moderados, de acordo com artigo publicado na revista Nature Medicine.
"Observamos uma resposta imunitária muito robusta que precedeu à recuperação clínica", disse à AFP Katherine Kedzierska, do Instituto Peter Doherty de Infecções e Imunidade da Universidade de Melbourne.
Esta reação corporal ocorreu quando a paciente "ainda estava visivelmente mal", mas "três dias depois já estava curada", acrescentou.
Os investigadores lançaram uma corrida contra o tempo para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, cujo saldo global esta terça-feira era de 180.000 infecções confirmadas e mais de 7.000 mortes.
Keszierska disse que a investigação de sua equipa representa "um passo importante para entender a recuperação do COVID-19".
A cientista garantiu contar com resultados similares e "verificáveis" de pacientes também com sintomas moderados. "Agora podemos-nos perguntar: qual é a diferença com pessoas (infectadas) que morrem?"
Kedzierska disse que estas descobertas têm duas aplicações práticas.
A primeira é que ajudará os virologistas a desenvolver uma vacina porque o objetivo da vacinação é replicar a resposta imune natural do corpo ao vírus.
A equipa de investigadores identificou quatro tipos de células imunitárias no sangue da paciente que recuperou.
Segundo Kedzierska, são células "muito semelhantes às que vemos nos pacientes com gripe".
Embora a gripe mate centenas de milhares de pessoas em todo o mundo todos os anos, existe uma vacina amplamente eficaz contra essa doença.
"Marcadores" imunitários
A segunda aplicação deste estudo seria ajudar as autoridades de saúde a avaliar melhor quais são as pessoas mais vulneráveis em futuros surtos.
Estes "marcadores" do sistema imunitário poderiam, assim, ajudar a prever com mais precisão que pacientes desenvolverão sintomas moderados e quais correm o risco de morrer.
A maioria das mortes por COVID-19 ocorre entre idosos ou com problemas de saúde pré-existentes, como doenças cardíacas e diabetes.
As crianças, por outro lado, não parecem apresentar sintomas ou são muito moderados. Kedzierska enfatizou a necessidade de mais investigações para encontrar uma explicação para esta particularidade, enquanto ressaltou que o sistema imunitário enfraquece com a idade.
Sharon Lewin, diretora do Instituto Doherty e uma das especialistas em doenças infecciosas mais conceituadas do mundo, disse à AFP que os resultados deste estudo são promissores.
"Isso mostra que o corpo pode produzir uma resposta imune muito positiva e poderosa contra o vírus, que está associada ao desaparecimento dos sintomas", apontou.
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