As descobertas preliminares revelam que as ostras localizadas perto de plataformas de petróleo podem detetar quantidades mínimas de hidrocarbonetos, pois cada uma delas filtra constantemente dezenas de galões de água todos os dias. Tal pode ajudar os investigadores a detetarem pequenas falhas na infraestrutura antes que estas deem origem a derramamentos catastróficos de petróleo.

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Anexadas a rochas ou outros suportes, as ostras são ideais para fazer análises em tempo real, comenta Jean-Charles Massabuau, cientista do instituto científico francês CNRS.

Este investigador da Universidade de Bordeaux mede as reações da ostra à exposição ao petróleo e ao gás natural na água desde 2011, juntamente com biólogos, matemáticos e especialistas em computação.

O bivalve é "perfeito para testar a qualidade da água que filtra o dia todo", uma vez que reage quase instantaneamente a qualquer quantidade de óleo, disse Massabuau.

Para estudar as reações, ele e a sua equipa criaram um aquário eletricamente isolado usando blocos de espuma plástica e de concreto, pneus velhos de bicicletas e bolas de ténis, na baía de Arcachon, no sudoeste de França.

Elétrodos ligados a cerca de uma dúzia de ostras no tanque permitem que os investigadores meçam quão rápido as válvulas de cada ostra abrem e fecham para filtrar a água em busca de comida.

Picos nos ciclos dessas válvulas são o primeiro alerta de que o molusco está em situação de stress, com o aumento dos ciclos a corresponderem a maiores concentrações de hidrocarbonetos.

As observações foram testadas em áreas como o Mar de Barents, na Noruega e na Rússia, e em canais construídos para a instalação da gigante francesa de energia Total, em Pau, no sudoeste da França.

O potencial desta tecnologia conquistou a atenção da petrolífera em 2012, quando esta começou a parceria com o laboratório e a fornecer apoio financeiro. Philippe Blanc, que lidera os esforços antipoluição da Total, admite que o sistema pode ajudar a proteger os ambientes marinhos de "derrames silenciosos" nas suas instalações. Até agora, a empresa investiu cerca de 1,7 milhões de euros neste estudo.

Após um teste de 14 meses, a Total planeia agora um projeto semelhante para o bloco Al Khalij, no Catar. Mas Massabuau adverte que apesar de seu entusiasmo em promover uma imagem ambientalmente consciente, a Total pode encontrar na parceria com o laboratório uma "faca de dois gumes".

"As ostras podem dizer-nos muitas coisas", disse, afirmando que queria que o seu trabalho fosse uma "garantia confiável" e não apenas um "selo científico de aprovação" das operações da Total.