A epidemia já matou mais de mil pessoas na China continental desde que o primeiro óbito atribuído ao vírus 2019-nCoV foi anunciado em 11 de janeiro. "Acabámos de injetar em ratinhos a vacina que gerámos a partir de bactérias e esperamos, nas próximas semanas, determinar a reação da mesma nesses animais, no sangue, e a sua resposta em termos de anticorpos contra o coronavírus", explicou Paul McKay.
A equipa do Imperial College também espera ser a primeira a realizar ensaios clínicos em humanos e obter uma vacina eficaz até ao final do ano.
Para isso, os cientistas confiam em estudos anteriores sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que surgiu há duas décadas. "Esperamos ser os primeiros a conduzir testes clínicos em humanos desta vacina em particular", disse McKay.
"Quando a primeira fase dos testes for concluída, o que pode demorar vários meses, poderemos testar imediatamente a eficácia da vacina em pessoas, o que também demorará alguns meses. Talvez até ao final do ano haja uma vacina viável para seres humanos", acrescentou.
Corrida mundial por uma vacina
Investigadores de todo mundo empreendem uma corrida para encontrar uma vacina contra o novo vírus. Em geral, este trabalhoso processo demora vários anos, pois deve ser demonstrado que a vacina é segura e eficaz antes de ser produzida em grande escola. É uma "corrida colaborativa", comenta McKay, garantindo que há uma "troca de informações", como pediu recentemente o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedro Adhanom.
"Assim que sequenciaram o genoma, os chineses partilharam-no livremente com toda comunidade científica, de modo que o lado competitivo provavelmente não existe. Eu diria que é uma corrida colaborativa", insistiu o cientista.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
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Mais de mil mortos
De acordo com as autoridades de saúde de Pequim, citadas pela agência Associated Press, o número total de mortos nas últimas 24 horas subiu para 1016. O número total de casos confirmados é de 42.638, dos quais 2.478 foram confirmados nas últimas 24 horas em território continental chinês. Além das 1.016 mortes confirmadas em território continental chinês, há também uma vítima mortal na região chinesa de Hong Kong e outra nas Filipinas. O novo coronavírus foi detetado em dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número chegou na segunda-feira a 43, com quatro novas infeções detetadas no Reino Unido.
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.
Vários países já começaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes, epicentro da epidemia, que foi colocada sob quarentena, à semelhança de outras cidades da província de Hubei, afetando mais de 56 milhões de pessoas.
As saídas e entradas estão interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China. A Comissão Europeia ativou no dia 28 o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido da França.
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