O projeto está na fase exploratória e com testes in vitro nos laboratórios do Centro de Microssistemas Eletromecânicos da UMinho (CMEMS), em Guimarães.

O osso é o segundo tecido mais transplantado do mundo e estima-se que 1.5 milhões de pessoas por ano sofrem uma fratura devido a doenças ósseas, com custos significativos para os sistemas de saúde, explica Helena Pereira. O problema afeta em especial os seniores e a Organização Mundial de Saúde prevê que no ano 2050 haja dois mil milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Helena Pereira está a utilizar fosfatos de cálcio degradáveis, combinando hidroxiapatita e beta-tricálcio de fosfato, para obter um substituto com dissolução controlada, compatível com a taxa de regeneração óssea, e elevadas propriedades mecânicas, equivalentes às do osso. Isso permite evitar perda óssea, nova cirurgia, imunorreações e outras complicações ligadas a tratamentos comuns. Por exemplo, substitutos sintéticos com titânio, cobalto e crómio têm revelado problemas como libertação de ferro e excessiva rigidez.

Helena Pereira, aluna do doutoramento em Líderes para as Indústrias Tecnológicas da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e do Programa MIT-Portugal
Helena Pereira, aluna do doutoramento em Líderes para as Indústrias Tecnológicas da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e do Programa MIT-Portugal Helena Pereira, aluna do doutoramento em Líderes para as Indústrias Tecnológicas da Escola de Engenharia da Universidade do Minho e do Programa MIT-Portugal

“O meu objetivo é criar um produto que se dissolva ao longo dos anos com base em material bioativo; ao mesmo tempo que o osso se regenera, o produto dissolve-se”, explica. O fosfato de cálcio já é usado como substituto ósseo, em pessoas com pouco osso. A presente solução funciona como um implante de fosfatos, pois, além de dissolver à taxa de regeneração do osso e de forma controlada, tem propriedades mecânicas equivalentes às do osso. “Essa é a minha principal inovação, graças a uma combinação dos fosfatos de cálcio e do processo de manufatura”, realça a cientista do CMEMS, que está a preparar um pedido de patente e espera que a sua tecnologia venha a consolidar-se e a generalizar-se no mercado.

Nascida em Fafe há 31 anos, Helena Pereira é licenciada em Ciências Biomédicas pela Universidade da Beira Interior, mestre em Engenharia Biomédica pela UMinho e está a ser orientada no doutoramento pelos professores Filipe Samuel Silva, da UMinho, e Georgina Miranda, da Universidade de Aveiro. Fez ainda parte da equipa vencedora do concurso de ideias de negócio SpinUM 2019, com a tecnologia “beWOODful” que trata e impregna cor na madeira, e obteve agora o 3º prémio do concurso de vídeos científicos do Grupo Compostela, com a apresentação “Guided absorption bone substitutes”.