O trabalho da psicóloga Fabiana Rodrigues sugere que os pacientes, quando sujeitos à psicoterapia com recurso à hipnose, não só obtêm uma redução dos níveis de glicose no sangue como, por consequência, uma diminuição significativa da dose diária de insulina que administram. Com este estudo Fabiana Rodrigues pretende revolucionar o tratamento de uma doença ainda sem cura e que afeta milhões de pessoas.
“Os resultados da investigação são promissores e vão no sentido de uma redução estatisticamente significativa dos níveis de glicemia [concentração de glicose no sangue] em jovens diabéticos tipo 1 que, em alguns casos, obrigou à redução da dose diária de insulina administrada”, explica a responsável pelo estudo, Fabiana Rodrigues, cujo trabalho foi desenvolvido para a tese de Mestrado em Psicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica da UA.
Orientada pelos psicólogos Carlos Fernandes da Silva (professor no Departamento de Educação e Psicologia (DEP) da UA), Celso Oliveira (psicólogo clínico) e Agostinho D’Almeida (do Instituto Universitário da Maia), a psicóloga e atual estudante de doutoramento em Psicologia testou a hipnose em jovens com diabetes do tipo 1 da Associação de Diabéticos do Concelho de Ovar.
Não cura, mas controla
A investigação decorreu em três sessões individuais de uma hora cada. Depois de ter procurado as "razões mentais que se associaram ao aparecimento da diabetes”, diz Fabiana Rodrigues, durante as sessões de hipnose “foram dadas sugestões, com recurso a imaginação guiada, no sentido da diminuição dos níveis de glicemia e hemoglobina glicosilada, sugestões pós-hipnóticos de mudança de estilos de vida e a habilidade para fazer auto-hipnose”.
No final das sessões “verificou-se uma diminuição estatisticamente significativa das glicemias” que levou mesmo à diminuição das doses diárias de insulina.
Os mitos que mais se contam sobre a diabetes
Fabiana Rodrigues garante que através desta técnica “os diabéticos podem mesmo recorrer às suas habilidades internas e fazendo auto-hipnose, a qualquer hora do dia e sem o terapeuta, podem controlar melhor os seus níveis de açúcar no sangue concomitantemente ao uso da insulina”.
Apesar da “hipnose não curar a doença diabetes tipo 1”, sublinha, “ajuda na gestão da mesma, minorando as consequências e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos doentes”. Por isso, não tem dúvidas: “Consideramos que os resultados são muito satisfatórios”.
Credibilizar a hipnose
Publicado no jornal "The European Proceedings of Social and Behavioural Sciences", o trabalho de Fabiana Rodrigues foi distinguido com o 2º lugar do Prémio de Investigação Abade Faria 2016 e já foi apresentado em vários congressos de Psicologia, Medicina e Enfermagem, tendo sido recentemente divulgado no International Congress on Clinical & Counselling Psychology 2017, em Bari, na Itália.
“Urge credibilizar a ferramenta para melhor ajudar os pacientes nas suas perturbações emocionais, psicológicas e físicas. Nesse sentido, este trabalho foi muito desafiante, dando força à utilização de hipnose em setting psicoterapêutico”, afirma a jovem psicóloga cujo trabalho promete “continuar a dar frutos, contribuindo assim, para a fidedigna utilização da hipnose na Psicoterapia com base em evidência e não em folk psychology”.
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