"Ninguém me contou, não vi na televisão e não li em nenhum jornal. Fui parte ativa e procurei, na medida dos possíveis, ajudar numa situação de emergência", começa por relatar Daniel Pessoa e Costa, testemunha local, numa publicação feita no Facebook na terça-feira, referente a um episódio que se terá passado no dia anterior.

Fotógrafa mostra em 22 fotos a "brutal e doce realidade de ser mãe"
Fotógrafa mostra em 22 fotos a "brutal e doce realidade de ser mãe"
Ver artigo

Segundo o motociclista, que circulava na zona do Campo Grande no momento do incidente, o próprio ter-se-á apercebido de "agitação e gritos numa ciclovia", pelo que decidiu parar e prestar ajuda. Foi nesse altura que viu que se tratava de uma criança, acompanha pelos pais, que terá chocado contra um ciclista.

"Percebendo que se tratava de um pessoa caída no chão tentei de imediato ganhar tempo e ligar para o 112. Por mais de dois minutos ninguém me atendeu. Desliguei. Tentei um segundo contacto e apesar de tocar ninguém do outro lado para responder", recorda.

Só fica chocado quem nunca ligou para o 112

Apesar de várias tentativas, consegue finalmente estabelecer contacto: "Peço uma ambulância com urgência máxima para uma criança que perdeu os sentidos num choque com uma bicicleta. Pede-me indicações concretas do local. Digo Jardim do Campo Grande no cruzamento com a Avenida do Brasil".

Segundo Daniel Pessoa e Costa, o operador do INEM, teve dificuldades em enviar uma equipa de emergência do INEM para o local, por se encontrar no Porto e não conhecer o local nem as indicações dadas pela testemunha.

"Mande a ambulância com urgência que estão já várias pessoas junto do local e será fácil localizar", repete Daniel Pessoa e Costa, ao que o operador volta a pedir nova morada do local.

Homem russo que quis tornar-se no "Popeye" pede para morrer por causa das dores
Homem russo que quis tornar-se no "Popeye" pede para morrer por causa das dores
Ver artigo

Ambos mantêm-se em linha durante cerca de seis a oito minutos, quando lhe é pedido de novo que dê indicações do local do incidente. "Eu não sou de Lisboa. Estou no Porto. Não conheço. Preciso de indicações do local", terá dito o operador.

A ambulância acaba por chegar 20 a 25 minutos depois do pedido de socorro. "Depois dos procedimentos normais nestes casos delicados, finalmente a criança segue para o Hospital de Santa Maria, que fica a menos de dois quilómetros de distância", recorda a testemunha.

"O funcionamento da emergência médica em Portugal é uma vergonha. Isto passou-se em Lisboa, imagino noutros locais", critica Daniel Pessoa e Costa, que admite que teve de acalmar os ânimos de alguns locais que quiseram prestar contas com os profissionais do INEM no momento do socorro.

O episódio relatado na rede social Facebook está a gerar uma enxurrada de críticas contra o INEM. "Só fica chocado quem nunca ligou para o 112", comenta um dos utilizadores online na publicação partilhada por Daniel Pessoa e Costa.

Outro internauta refere que já passou "por uma situação idêntica". "É este o nosso Portugal", acrescenta um outro utilizador entre os mais de dois mil comentários na publicação.

Contactámos o INEM, mas até agora ainda não foi possível obter um esclarecimento sobre o incidente por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica.