O Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) disponibiliza, desde há um ano, uma consulta única nas unidades hospitalares do Alentejo, de enfermagem pediátrica especializada na diabetes, que apoia e segue 47 crianças e respetivas famílias.

“No Alentejo, em termos de área pediátrica, penso que o HESE é o único que dá este tipo de apoio de enfermagem e é uma consulta que faz muito sentido”, realçou hoje à agência Lusa Ana Beja, uma das responsáveis pelo projeto.

Segundo esta enfermeira, que impulsionou a criação da consulta, em conjunto com a colega Gisela Antunes, trata-se de “uma área em expansão”, pois, “infelizmente, há cada vez mais meninos com diabetes que precisam de cuidados ao nível do tratamento, da família, da escola e dos amigos”.

“O apoio que prestamos, complementar à consulta médica da diabetes, é muito importante. Não fazemos mais do que dar à criança e à família os direitos que têm, porque também cumprem os deveres que esta doença crónica implica”, disse.

Esta consulta de enfermagem do HESE é um dos projetos inovadores a abordar, na terça-feira, em Beja, no encontro "Enfermagem em Contexto Hospitalar - O que fazemos para cuidar", promovido pela secção regional do sul da Ordem dos Enfermeiros.

A diabetes, segundo as enfermeiras responsáveis, é uma das mais exigentes doenças crónicas, quer a nível físico, psicológico e social, obrigando a um complexo tratamento.

Este mesmo tratamento, acrescentaram, “exige uma adesão permanente e continuada no tempo, sendo essencial a presença de uma educação personalizada e responsável como ferramenta basilar na promoção e enaltecimento da excelência dos cuidados em Saúde infantil”.

Por isso, a consulta iniciada no HESE, que abrange 47 crianças - a mais pequena desde os 15 meses de idade -, afirmou Ana Beja, centra-se na educação terapêutica, que deve ser adaptada a cada doente e respetiva família.

“A parte médica é muito importante, mas existem competências que a criança e a família têm de apreender, das quais depende o sucesso do tratamento, pelo que tentamos muni-los das ferramentas necessárias para serem o mais autónomos possível”, precisou.

As enfermeiras ensinam pais e filhos em áreas como a administração de insulina, o esquema de alimentação que deve ser seguido, a vigilância e correção de complicações agudas derivadas da diabetes, como a hipoglicémia, ou a importância do exercício físico, entre outras.

A intervenção dá-se também em contexto escolar, junto de professores, funcionários e alunos, porque “estas crianças precisam de ser integradas e de sentir que são iguais a todas as outras, independentemente da doença”.

“As famílias agradecem este apoio suplementar e pensamos que o importante é ajudar a desdramatizar esta doença e fazer ver às crianças que, desde que a controlem adequadamente, evitam complicações futuras e podem ter uma vida perfeitamente normal”, congratulou-se.

18 de dezembro de 2012

@Lusa