Em declarações à agência Lusa, num mês dedicado à prevenção e diagnóstico do cancro da próstata, o médico urologista Frederico Branco frisou que “o cancro da próstata é um tumor extremamente frequente”, mas a sua prevenção e tratamento ainda tem associado muitos tabus e preconceitos.
“Faz toda a diferença diagnosticar precocemente. Uma das mensagens que é muito importante passar é que o cancro da próstata, numa fase inicial, não dá qualquer tipo de sintomas, daí a importância da sensibilização para apanhar a doença numa fase precoce”, disse o clínico.
No Hospital da Prelada, equipamento da Santa Casa de Misericórdia do Porto (SCMP), 95% dos cancros de próstata são operadas por via laparoscópica 3D.
Este mês – no “Novembro Azul”, que é como se chama a campanha de sensibilização para a prevenção e diagnóstico do cancro da próstata – foram operadas neste hospital 10 próstatas com recurso à laparoscopia.
Esta é uma técnica usada na Prelada há cerca de uma década que visa tornar a cirurgia o menos invasiva possível.
De forma simplificada, a laparoscopia faz-se através de furinhos no abdómen, sendo uma cirurgia apoiada por um monitor que permite ver uma imagem a três dimensões do interior, resultando na remoção do cancro da próstata.
Ao serviço de urologia do hospital da Prelada, a grande maioria dos doentes que chegam são referenciados pelos centros de saúde com a suspeita de terem cancro da próstata por terem aumento de PSA (Antigénio Específico da Próstata).
Neste hospital existe uma ‘Via Verde’ para estes casos que é ativada e os doentes considerados prioritários.
“Hoje em dia, temos ao nosso dispor várias modalidades terapêuticas e, naqueles doentes que têm indicação cirúrgica, privilegiamos o menos. O menos é mais. Quanto menos invasivos formos, mais vantagens para o doente. A laparoscopia 3D permite uma excelente visualização das estruturas. Permite também uma alta mais precoce”, descreveu o clínico.
O recurso à laparoscopia 3D, mesmo que seja feita em grandes centros hospitalares, “ainda não é muito comum pelo país fora”, por exigir “alguma curva de aprendizagem”.
“As pessoas têm de ser treinadas”, disse o médico, referindo-se à canalização de recursos financeiros e de profissionais para formação.
Para além de não deixar cicatrizes, a laparoscopia permite uma rápida recuperação.
À Lusa, Frederico Branco frisou a importância da sensibilização do homem para fazer exame PSA e toque retal de forma a apanhar os tumores circunscritos a um local do corpo.
“O homem tenta esconder e, se não tem sintomas com o cancro da próstata, mais uma razão tem para adiar a ida ao médico ou passar por um rastreio”, alertou o médico.
O preconceito e a vergonha são outros os fatores que os especialistas querem combater, uma vez que a este cancro estão associadas consequências como a incontinência e a impotência ou disfunção erétil.
O cancro da próstata é hoje a segunda maior causa de morte nos homens.
É recomendado que os exames de rastreio sejam feitos entre os 45 e os 50 anos.
Já o cancro do testículo aparece nos jovens adultos entre os 18 e os 34 anos.
“Pensa-se que o cancro do testículo é nos adultos seniores, mas não. Aos miúdos devia ser incentivado fazerem a auto palpação do testículo e compararem os testículos. Mas não falamos muito nisto, enquanto que, na mulher, falamos da auto palpação da mama”, concluiu Frederico Branco.
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