Em declarações à agência Lusa, Luís Varandas relatou que têm recebido crianças cujos pais ligam para a Saúde 24 e que recebem a informação de que o hospital da área de residência está fechado.

O pediatra contou que esta manhã receberam “um bebé com um mês de idade que veio de Almada, reencaminhado pela Saúde 24, “porque o Hospital Garcia de Orta estaria fechado, o que é falso”.

“O Hospital Garcia de Orta só fecha durante a noite e era importante que a Saúde 24 desse as informações adequadas sobre o encerramento dos vários serviços de pediatria, porque não basta sair nos jornais e nas televisões - as pessoas podem naturalmente estar um pouco confusas com tantos hospitais que encerram à vez e abrem à vez – era fundamental que a Saúde 24 tivesse um mapa adequado e as pessoas fossem informadas”, defendeu.

Luís Varandas salientou que as crianças não devem ser encaminhadas para o Hospital D. Estefânia “só porque está sempre aberto”, mas para os hospitais da área de residência que estão abertos durante o dia.

Devido ao encerramento noturno das urgências pediátricas de hospitais em torno do D. Estefânia, entre os quais o Beatriz Ângelo, Garcia de Orta e desde quarta-feira o Hospital Fernando Fonseca, o D. Estefânia está a receber em média mais 100 doentes por dia.

Fazendo um balanço da primeira noite em que fechou a urgência pediátrica do Hospital Fernando Fonseca, a segunda maior de Lisboa, Luís Varandas disse que “foi relativamente equilibrado”.

“No início da noite [de quarta-feira] estive cá com algum receio de que houvesse algum problema por ser a primeira noite. Houve de facto um pico de doentes que se inscreveu no início da noite, entre as 20:00 e as 21:30, mas depois acalmou e o restante da noite não foi complicado”, relatou.

Segundo o pediatra, a afluência às urgências terá sido “um pouco mais do que nas noites anteriores, mas nada de muito significativo”.

Para esta situação poderá ter contribuído “o tempo invernal”, o facto de ter sido feriado e haver gente fora de Lisboa e as pessoas ainda estarem a ver como se comportar face a esta nova realidade, apontou.

Por outro lado, “o inverno ainda não chegou” e os vírus desta estação, como o vírus sincicial respiratório, “que dá muitas bronquiolites”, e o da gripe ainda não estão em circulação, uma situação que estima poderá mudar nas próximas duas a três semanas.

Luís Varandas assegurou que a urgência do D. Estefânia, hospital de referência de toda a zona sul do país, vai manter-se sempre aberta para o doente grave e para os doentes transferidos de outros hospitais, como ocorreu durante esta noite, e para os doentes referenciados por médicos.

“Para esses nunca haverá dúvidas em relação ao atendimento rápido e pronto por todo o corpo clínico do hospital”, vincou, adiantando que a preocupação se prende com “a hipotética avalanche de doentes não urgentes” que possam vir a receber, “porque para um pai ou uma mãe uma criança doente é sempre urgente”.

O especialista elucidou que mais de 90% das doenças febris na infância são virais, só precisam de paracetamol e anti-inflamatórios, pedindo aos pais que se virem que a criança fica bem no intervalo da febre, se não há mais nenhum sinal de alerta, esperem três ou quatro dias em casa ou pelo menos, esperem pelo dia seguinte para ir ao hospital ou ao centro de saúde da área de residência que estão abertos durante o dia.

Contactado pela agência Lusa sobre o número de atendimentos na quarta-feira, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra o Hospital Santa Maria, adiantou que “esteve em linha com o de dias comparáveis - feriados e fins de semana - nos últimos meses, desde que a Urgência Pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo passou a encerrar no período noturno e ao fim de semana”.