Uma situação que a administração do CHUC justificou com um contrato assinado ainda em 2021, na altura da covid-19, devido à necessidade de libertar camas para doentes não agudos.

A fundação daquela vila do distrito de Coimbra afirmou, em comunicado, que a situação é lesiva para os doentes e familiares, quando aquele centro hospitalar poderia recorrer ao Hospital Compaixão, da instituição, situado em Miranda do Corvo.

“Especialmente, para os doentes residentes em Coimbra, e a sul da cidade, já que a transferência de doentes assume particular gravidade por não permitir e/ou dificultar a visita por parte de familiares, dada a longa distância”, lê-se na nota.

A ADFP contabilizou que “a viagem por autoestrada [para Albergaria-a-Velha] é cerca de uma hora com portagens e, sem portagens, por estrada nacional, hora e meia em cada sentido. Corresponde a um total de duas ou três horas para visitar um familiar e com um custo muito elevado”.

A instituição refere que, para um doente da Pampilhosa da Serra, no interior do distrito de Coimbra, a viagem para Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, é de quatro horas em via com portagem e quatro horas e meia em estrada sem portagens.

Para a ADFP, esta situação “é incompreensível, porque desde novembro de 2021 a Fundação tem vindo a disponibilizar camas para estes doentes, nomeadamente no Hospital Compaixão e noutros equipamentos”, sem ter obtido “qualquer resposta por parte da administração do CHUC”.

“Publicamente assumimos que continuamos disponíveis para assumir o internamento de doentes com alta hospitalar do CHUC, com um valor igual ou mesmo inferior ao que o Hospital está a pagar a cerca de 100 quilómetros”, sustentou a instituição.

Num esclarecimento enviado à agência Lusa, a administração do CHUC recordou que, em janeiro de 2021, aquando da recrudescência da pandemia covid-19, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) “estabeleceu vários contratos com entidades externas ao Serviço Nacional de Saúde, com o intuito de assegurar respostas de internamento, permitindo, desta forma, aos hospitais da região centro, transferir utentes não agudos, libertando camas hospitalares para os casos mais graves”.

Por outro lado, o centro hospitalar foi confrontado com a necessidade de contratar camas e recorreu a unidades que já prestavam serviço à ARSC - Fundação Aurélio Amaro Dinis (Oliveira do Hospital) e as Residências Montepio (Albergaria-a-Velha).

“Do conjunto de instituições, com contratos com a ARSC não fazia parte a ADFP, uma vez que, de acordo com informação colhida nessa altura, não dispunha dos recursos humanos necessários para garantir a prestação de cuidados”, frisou.

Com o aliviar da pressão relacionada com a covid-19, o CHUC terminou contrato com a Fundação Aurélio Amaro Dinis, mas, devido à necessidade de ter camas disponíveis para os utentes que reúnam os requisitos clínicos e sociais estabelecidos e que aguardam colocação em unidade da Rede Nacional de Cuidados Continuados, “foi necessário contar com o contrato das Residências Montepio, de forma a não interromper a prestação de cuidados aos doentes”.

“Tendo em conta que, como é público, a necessidade de camas de retaguarda se mantém, o CHUC retomou o processo de preparação do concurso público (temporariamente suspenso devido à decisão de integração do Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede e do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais) para compra de serviços de saúde em regime de internamento para doentes não agudos, que será publicitado a breve prazo, e ao qual a ADFP poderá apresentar a sua proposta, tal como qualquer outra entidade”.