As náuseas e vómitos durante a gravidez são deveras frequentes e afetam quase 80% das grávidas. A incidência destes sintomas, quando ligeiros, está associada a um bom prognóstico com menor incidência de aborto espontâneo. "Tal como diz a sabedoria popular", comenta o ginecologista-obstetra.

No entanto, se se mantiverem, "estes vómitos incoercíveis podem levar a distúrbios nutricionais e de perda de líquidos e sais. O prolongar da situação causa perda de peso, desnutrição, cansaço extremo, possíveis alterações neurológicas, no fígado e rins", explica o médico.

Risco para a mãe e bebé

"Na generalidade das grávidas o prognóstico é bom, o que pode tranquilizar a grávida por ser uma situação benigna e limitada no tempo. Ainda assim em situações mais complexas e, felizmente raríssimas, pode levar à morte. As complicações que podem deteriorar o estado geral da grávida são a deterioração metabólica com compromisso do fígado e rins. O esforço dos vómitos podem levar a lesões do esófago, e risco de aspiração de vómito para o aparelho respiratório", alerta Fernando Cirurgião.

"Felizmente os estudos mais atuais vieram evidenciar que não existe um compromisso direto fetal o que contraria o que se assumia como certo e que perante este quadro clínico da mãe existiria um risco maior de baixo peso do recém-nascido e de malformações", frisa o médico.

Esta condição é mais frequente em mulheres com algumas características, tais como nas de etnia branca, maior incidência familiar, nas emocionalmente mais sensíveis, sendo que factores sociais e culturais podem igualmente influenciar, aspetos psicossomáticos a terem um componente elevado. "Apesar de mais frequente na primeira gravidez tem tendência para se repetir nas subsequentes. Por outro lado as fumadoras, obesas e com mais de 35 anos de idade não são tão afetadas", acrescenta o ginecologista-obstetra.

Internamento

Por vezes é necessário o internamento."Acontece em cerca de 1% das grávidas que passam pela primeira vez por esta situação e em 20% das que a tiveram em gravidez anterior. É fundamental corrigir a desidratação e repor os fluidos e calorias necessárias, bem como de vitaminas, minerais e eletrólitos. Idealmente opta-se pelo isolamento da grávida", assevera Fernando Cirurgião.

"A recuperação é lenta com episódios de recidivas sendo essencial a estabilização do peso como fator determinante para avaliar a eficácia do tratamento. Igualmente importante corrigir o impacto psicológico com manifestações de depressão, que tanto podem ser o motivo de hiperemese gravídica como uma causa dela", diz ainda.

A dieta a propor passa por selecionar alimentos de mais fácil digestão, ricos em hidratos de carbono e pobres em gordura, importando realçar a importância de uma dieta multifracionada, sendo também importante o acompanhamento psicológico.

O médico Fernando Cirurgião é ginecologista-obstetra na Clínica de Santo António.

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