"Eu pensei que a sífilis era uma doença da Idade Média, que já tinha desaparecido e que não existia nos tempos modernos". Quem o diz é Gavin, um jovem britânico que descobriu ter a patologia ao realizar um teste rápido para despistar infeções sexualmente transmissíveis (DSTs).

Sem apresentar nenhum sintoma da sífilis, este jovem foi diagnosticado com a patologia antes das manifestações graves da doença. "Descobri a infeção na etapa secundária, um ano depois do contágio. Depois desta etapa, a doença pode causar loucura, cegueira e até mesmo morte", explica em entrevista à radiotelevisão britânica BBC.

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Em Portugal, não existem dados públicos sobre a incidência desta doença nos últimos quatro anos. Segundo a Direção-Geral da Saúde, as notificações desta patologia passaram de 179, em 2010, para 367, em 2014. A maior incidência registou-se no sexo masculino (cerca de 6 vezes mais do que no sexo feminino), no grupo etário dos 25-34 anos e nos homens que fazem sexo com homens.

No Reino Unido, o número de diagnósticos desta doença atingiu o máximo de sempre em 2017. Nos Estados Unidos, dados do ano passado apontam para o alastramento da sífilis a todas as regiões do país, com casos na maioria dos grupos etários. No Brasil, a sífilis adquirida teve um aumento da sua incidência em 27,9% entre 2015 e 2016, segundo dados do Ministério da Saúde brasileiro.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, 5,6 milhões de pessoas contraem sífilis. Esta é uma infeção que se propaga mais facilmente do que outras DSTs, como a gonorreia ou a clamídia.

Sintomas (ou ausência dos mesmos)

Em alguns casos, a sífilis pode ser assintomática. Quando não o é, as manifestações da doença traduzem-se em: úlceras genitais, erupções generalizadas na pele, ou na palma das mãos e plantas dos pés, cansaço, dor de cabeça, febre e dores nas articulações.

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Ao contrário de outras DSTs, uma pessoa pode estar infetada com sífilis e não apresentar nenhum sintoma, embora possa contagiar terceiros. Foi o caso de Gavin, que descobriu a doença justamente na fase da sífilis secundária, que é a etapa mais contagiosa da doença. "Não tinha nenhum sintoma. Não sabia que estava infetado, porque a doença pode manter-se oculta", admite em declarações à BBC.

A sífilis é provocada pela bactéria Treponema pallidum e transmitida sobretudo por contacto sexual, seja vaginal, anal ou oral. É, também, transmitida de mãe para filhos durante a gravidez.

"Falei com alguns amigos sobre a infeção, mas não disse nada aos meus pais. Seria uma conversa muito estranha e constrangedora", acrescenta o britânico que também descobriu ser VIH positivo.

O tratamento da sífilis consiste na toma de um antibiótico - penicilina benzatina para adultos e penicilina cristalina para bebés.

O diagnóstico precoce e o tratamento desta patologia são cruciais, uma vez que a infeção pode permanecer silenciosa dezenas anos, mas causar hemorragias, sintomas de demência, perda de coordenação, cegueira e doenças cardiovasculares a longo prazo. Por outro lado, as úlceras genitais causadas pela sífilis são uma porta de entrada de outras doenças e vírus como o VIH/Sida.