Segundo documentos a que a agência Lusa teve acesso, a 8 de fevereiro, o bloco operatório central do CHUC tinha 22 doentes para cirurgia programada e só dois não foram incluídos nos serviços mínimos.

A greve começou no final de janeiro em sete centros hospitalares tendo sido, a partir de 8 de fevereiro, alargada a mais três, incluindo o CHUC.

O cumprimento dos serviços mínimos tem sido um dos pontos de discórdia entre Governo e sindicatos na greve cirúrgica dos enfermeiros, tendo motivado a requisição civil em quatro dos centros hospitalares em greve.

Os sindicatos rejeitam a violação dos serviços mínimos e chegaram a acusar os hospitais de manipular as cirurgias abrangidas pelos serviços mínimos.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que não foi abrangido pela requisição civil decretada a 7 de fevereiro, reportou ao Governo 40 casos de cirurgias adiadas com “violação de serviços mínimos” na greve dos enfermeiros em apenas três dias, segundo documentos a que a Lusa teve acesso.

Das 72 cirurgias programadas em três dias no bloco central do CHUC, 51 eram em doentes identificados como serviços mínimos.

No dia 11 de fevereiro, dos 29 doentes marcados para cirurgia programada, 25 foram considerados como sendo serviços mínimos.

No dia seguinte, dos 21 doentes incluídos em cirurgia programada foram incluídos 16 em serviços mínimos.

A segunda greve cirúrgica dos enfermeiros começou no Centro Hospitalar de Coimbra em 8 de fevereiro, sendo que neste centro hospitalar não vigorou a requisição civil imposto pelo Governo por alegada violação de serviços mínimos em quatro hospitais.

Segundo os emails enviados ao gabinete da ministra da Saúde, o CHUC reporta cerca de 40 casos de operações adiadas entre as que foram incluídas nos serviços mínimos.

Segundo o centro hospitalar, o adiamento daquelas cirurgias ocorreu porque “os recursos foram diminuídos devido à greve cirúrgica, por indicação do sindicato Sindepor, que distribuiu comunicação mencionado outra tipologia de serviços mínimos”.

O alegado incumprimento dos serviços mínimos por parte dos grevistas foi o que motivou a requisição civil decretada pelo Governo em quatro centros hospitalares no dia 7 de fevereiro, na véspera de a greve ser alargada de sete para 10 hospitais.

Segundo o Ministério da Saúde, tinham sido identificados casos de incumprimento dos serviços mínimos em quatro unidades: Centro Hospitalar de São João (Porto), Centro Hospitalar Universitário do Porto, Centro Hospitalar Tondela-Viseu e Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga.

A segunda greve dos enfermeiros em blocos operatórios termina na quinta-feira, depois de ter adiado pelo menos cinco mil cirurgias.

Entretanto, a generalidade dos enfermeiros deixou, na prática, de cumprir greve desde que foi homologado um parecer do conselho consultivo da Procuradoria-geral da República que entendeu que a paralisação é ilícita, o que levaria à marcação de faltas injustificadas aos profissionais.