14 de janeiro de 2014 - 14h12
A organização ambientalista Greenpeace explicou hoje que as análises feitas a roupas infantis de várias marcas internacionais – que detetaram a presença de substâncias tóxicas – visam alterar as políticas do setor, eliminando o uso de químicos nocivos.
“O nosso principal objetivo é transformar o setor como um todo, [por isso], queremos a eliminação dessas substâncias e não simplesmente o controlo [da sua utilização] até um certo nível”, afirmou à Lusa a responsável pela campanha “Detox”, Naida Haiama.
A Greenpeace denunciou hoje ter encontrado produtos tóxicos nocivos à saúde em roupa infantil de marcas internacionais vendidas em 25 países, como a Adidas, a Burberry, a Disney, a Primark ou a Nike.
A organização analisou 82 peças para crianças, desde camisas a sapatos e fatos de banho, de um conjunto de marcas que também incluiu a H&M, a Puma, a American Apparel, a GAP, a Uniglo ou a Li-Ning.
De acordo com o relatório hoje apresentado, as análises mostraram que 61% das peças continham nolilfenol, um grupo de químicos que causam perturbações hormonais, e 94% continham ftalatos, substância que afeta o processo reprodutivo dos mamíferos.
“As crianças são mais vulneráveis à presença de substâncias tóxicas do que os adultos, achamos chocante que esses produtos [roupas infantis] contenham tais substâncias”, sublinhou Naida Haiama, sublinhando que a associação espera que “a pressão pública leve empresas e marcas importantes a eliminá-las”.
O relatório hoje divulgado, denominado "Um pouco da história sobre os monstros no seu armário", foi o último de uma campanha iniciada em 2011 e que a Greenpeace designa como “Detox”.
“Algumas das marcas que testámos são novas, outras já tínhamos testado”, referiu a responsável. Segundo explicou, algumas das empresas testadas “comprometeram-se publicamente a eliminar substâncias perigosas, mas essas promessas têm sido um pouco negligenciadas”.
Embora não saiba ainda se os níveis das substâncias tóxicas encontrado prejudica diretamente a saúde, Naida Haiama lembrou que isso pode depender da acumulação dos químicos, da sua relação com outras substâncias ou da altura em que entrarem em contacto com as pessoas.
“É praticamente impossível dizer que a presença de uma substância vai causar danos diretos na saúde. O problema é que, mesmo em quantidades muito pequenas, podem perturbam o sistema hormonal, que regula todas as funções do corpo”, disse.
Por isso, a Greenpeace pretende continuar a analisar produtos “para ter a certeza que as marcas que já se comprometeram [a eliminar os químicos tóxicos] estão mesmo a adotar ações concretas, mas também para alertar outras marcas e conseguir ainda um compromisso de governos como o da China ou os da União Europeia.
Os produtos analisados pela Greenpeace foram adquiridos entre maio e junho do ano passado em lojas oficiais das marcas situadas em países como a Espanha, a Itália, os Estados Unidos, a Colômbia, o México e a Argentina, e foram fabricados em 12 Estados.
A organização conseguiu, no entanto, verificar que um terço da produção proveio da China, país que a Greenpeace defende ser o primeiro a ver a sua exportação bloqueada.
Lusa