O aumento de novos casos de infeção por COVID-19 em Lisboa e Vale do Tejo está a adiar o pico de casos ativos nesta região para a terceira semana de junho. De acordo com o "COVID-19 Insights", os modelos preditivos desenvolvidos pela COTEC Portugal e pela NOVA Information Management School (NOVA IMS), da Universidade Nova de Lisboa, o pico da prevalência da infeção (casos ativos) deverá agora ser atingido no final de junho.
Nas restantes regiões do país, os picos da prevalência já terão sido atingidos entre o final de abril e o início de maio, informa aquela instituição de ensino em comunicado.
"Os novos casos de infeção na região de Lisboa e Vale do Tejo estão concentrados nos municípios de Alenquer, Amadora, Barreiro, Loures, Odivelas, Seixal, Sintra e Lisboa. A capital lidera no aumento de novos casos em termos absolutos (469 nas duas últimas semanas) mas é Alenquer que mais cresce em termos relativos (95%)", lê-se na nota.
RT acima de 1
Pedro Simões Coelho, professor catedrático da NOVA IMS e um dos coordenadores do projeto, explica, no entanto, que "a taxa de reprodução da infeção R(t) mantém-se pouco acima de 1, o que não indicia a existência de cadeias de transmissão descontroladas, nem antecipam um novo crescimento exponencial da epidemia".
Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação - afirma que "estes dados apontam para que tenhamos condições de retoma da atividade económica de forma mais alargada mas com confiança, dentro de um quadro de risco aceitável e com proteção das pessoas".
Os modelos, que combinam informação epidemiológica com dados sobre a mobilidade dos portugueses – com recurso ao histórico de localização da Google – não indiciam igualmente a existência de uma correlação positiva entre o aumento de novos casos e o atual momento de desconfinamento.
“Este fenómeno não parece resultar do aumento da mobilidade dos portugueses, dado que, desde 10 de abril, observa-se um progressivo aumento da mobilidade, que é uniforme em todas as regiões, sem que tenha havido uma disrupção dos comportamentos nas últimas semanas”, adianta Pedro Simões Coelho.
O que é o COVID-19 Insights?
O COVID-19 Insights, uma parceria entre a COTEC Portugal e a NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, disponibiliza indicadores de natureza prospetiva de apoio à decisão da comunidade empresarial, comunidade académica e público em geral. O projeto integra múltiplas variáveis representativas de diferentes aspetos económicos, sociais e epidemiológicos, as quais são analisadas a partir de métodos analíticos avançados.
O COVID-19 Insights fornece informação, atualizada diariamente – ou com frequência semanal, para alguns indicadores – sobre a situação internacional, a situação em Portugal, análise económica (brevemente disponível), índice de risco, mobilidade e modelos epidemiológicos. Todos os indicadores estão disponíveis tanto em valor absoluto, como relativizados pela população dos vários países.
Mais de 350 mil mortos
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 352 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Portugal, com 1.356 mortes registadas e 31.292 casos confirmados é o 23.º país do mundo com mais óbitos e o 28.º em número de infeções.
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