Em declarações à agência Lusa, Noel Carrilho ressalvou que a FNAM respeita todas as escolhas que resultam do processo democrático, mas sublinhou que não pode deixar de “tirar ilações sobre essas escolhas e até exigir responsabilidades de quem o faz”.
“Estando perfeitamente dececionados com aquilo que foi a anterior legislatura em termos de postura do Ministério da Saúde, nomeadamente da ministra da Saúde, estamos obviamente preocupados que esta recondução possa querer dizer uma manutenção daquilo que foi uma atitude que os médicos em geral interpretam como muito pouco positiva que, aliás, levou a um conflito aberto que apenas foi suspenso por dissolução da Assembleia da República”, salientou.
Noel Carrilho criticou o distanciamento da ministra da Saúde em relação aos médicos na anterior legislatura, não se tendo reunido com estes profissionais mesmo em tempo de pandemia.
“Uma ministra que nunca assumiu a postura necessária de modificação das condições de trabalho para os médicos no Serviço Nacional de Saúde de modo a atraí-los, de modo a dar mais médicos de família aos portugueses (…) que deixou escapar por entre os dedos centenas de médicos que poderiam ter reforçado o SNS, que faziam falta e continuam a fazer falta para combater as lista de espera e para dar assistência aos portugueses, se a perspetiva que agora se nos oferece com a nova legislatura é esta não podemos ficar senão dececionados”, lamentou.
A FNAM, adianta em comunicado, que a ministra apresentou uma proposta para um novo Estatuto do SNS que “é um verdadeiro boicote aos princípios da Lei de Bases da Saúde e uma machadada a um SNS público e universal, desvirtuando completamente a possibilidade de dedicação exclusiva dos médicos, transformando-a unicamente numa forma encapotada de lhes atribuir ainda maior carga horária”.
“Nem no contexto de uma pandemia vislumbrou-se a mínima vontade política de implementar um estatuto de risco e penosidade para a carreira médica. Aliás, num momento de particular infelicidade, que o tempo não apagará nem os médicos esquecerão, ficámos a perceber que o problema dos médicos é falta de ‘resiliência’”, sublinha.
Noel Carrilho lembrou o conflito aberto a que toda esta situação levou, refletida na marcação de uma greve amplamente exigida pelos médicos que foi suspensa apenas pela dissolução da Assembleia da República.
“O que foi a suspensão da nossa reivindicação continua em aberto e sem possibilidade de nenhum período de graça porque é urgente que se faça alguma coisa e se os protagonistas são os mesmos não será necessário voltar a explicar as mesmas coisas”, sublinhou.
Sendo a FNAM uma estrutura de negociação preferia não ter que o fazer e desse modo, exigindo por isso “reunir-se de imediato com a ministra para uma negociação séria e formal, nomeadamente em termos da questão do acordo coletivo de trabalho que já é vergonhoso que não se renegoceie”, referiu.
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