6 de dezembro de 2013 - 15h45
A Fundação Champalimaud vai lançar no início do próximo ano um programa de avaliação de risco global de cancro baseado numa análise do comportamento individual e do registo médico familiar de cada pessoa, foi hoje anunciado.
"A ideia é, mesmo em relação a quem não tem sintomas, nem queixas concretas, - sabendo que hoje metade dos homens e um terço das mulheres têm ou vão ter um cancro ao longo da sua vida - encontrar uma forma de os ajudar a gerir essa possibilidade, antes mesmo que ela surja", disse a presidente da Fundação, Leonor Beleza.
Leonor Beleza, que falava aos jornalistas no final da reunião de curadores da fundação, explicou que o programa não visa o diagnóstico precoce de um certo tipo de cancro, mas "pretende ver a pessoa como um todo" para tentar compreender se corre risco acrescido de desenvolver a doença.
"[...]Um médico fará uma leitura global da pessoa e ajuda-la-á a compreender se está ou não com uma situação de risco superior à média e que tipo de comportamento e vigilância deve adotar para evitar esse risco", explicou.
Segundo Leonor Beleza, a avaliação terá em conta a história familiar da pessoa e poderá ser complementada com a realização de um estudo genético.
"A pessoa fica também a saber se deve submeter-se mais cedo e com mais frequência aos testes[de diagnóstico] que existem neste momento para detetar se há uma situação anómala", exemplificou
Questionada sobre o custo desta avaliação, Leonor Beleza considerou que "nunca será tão caro, tão violento e tão doloroso como tratar uma situação descoberta demasiado tarde".
Leonor Beleza anunciou ainda a abertura na Fundação de uma Escola Europeia de Neurociências, para a formação de neurocientistas em várias alturas da carreira, e a realização, em fevereiro de 2014, de um encontro internacional de especialistas em cancro colo-retal.
Com o título "Quando não operar", o encontro visa, segundo Leonor Beleza, estabelecer diretivas para determinar quando é que o doente deve ser submetido a um tratamento que inclua cirurgia ou apenas "vigilância ativa".
Questionada sobre o relacionamento entre a Fundação Champalimaud e o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Leonor Beleza adiantou que continuam a ser "muito poucos" os doentes encaminhados pelo SNS para os serviços da fundação, sublinhando que cabe aos responsáveis do SNS decidir se querem ou não recorrer a esses serviços.
A Fundação Champalimaud, que na semana passada abriu em Manaus, no Brasil, um centro para a deteção de cancros dos olhos, conseguiu oito milhões em bolsas de investigação em 2013, valor que será usado ao longo de cinco anos.
Lusa