2 de março de 2013 - 09h21
A Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias e a Fundação Portuguesa do Pulmão alertam que a exposição ao fumo do tabaco aumenta o risco de tuberculose, uma doença que atinge cerca de duas mil pessoas por ano em Portugal.
As duas organizações realizam hoje em Lisboa um encontro, com o tema “O papel da sociedade civil - Acabar com a Tuberculose na nossa geração”, para domingo assinalar o Dia Mundial da Tuberculose.
No encontro será debatida “a grande doença que ainda é a tuberculose no nosso país e no mundo, associada a outras comorbilidades”, disse à agência Lusa a presidente da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR).
“O tabaco é um fator que poderá levar a um aumento da incidência da tuberculose”, advertiu Maria da Conceição Gomes, adiantando que a doença é mais prevalente em pessoas com idades entre os 45 e os 54 anos, em que geralmente há um maior consumo do tabaco.
Segundo a responsável, "cerca de 50 estudos foram alvo de revisão por entidades internacionais com objetivos comuns na luta contra a tuberculose e concluiu-se que a exposição passiva ou ativa ao fumo do tabaco aumenta o risco de tuberculose.
Defendeu ainda que “para um programa de controlo da tuberculose ser ainda mais eficaz, a sociedade não pode ser indiferente às medidas para o controlo do tabagismo, daí a importância da sensibilização para a desabituação tabágica, quer nos hospitais, nos centros de diagnóstico pneumológico, nos centros de saúde, nos consultórios, quer fora do ambiente clínico”.
Maria da Conceição Gomes alertou para a importância de um diagnóstico precoce da tuberculose, mas também para a necessidade de se estar alerta para “outros fatores que rodeiam a doença e podem levar a ter números ainda significativamente elevados”.
Entre esses fatores, apontou a toxicodependência, a emigração, o HIV e as “condições sociais e económicas que têm altos e baixos no país”.
A presidente da associação adiantou que é preciso alertar a população para ir ao médico quando tiverem sintomas da doença, como tosse arrastada, falta de apetite, cansaço, porque “o diagnóstico ainda é tardio”.
“Algumas pessoas vão diretamente ao hospital, mas já numa fase muito avançada da doença e, entretanto, já contagiaram muitas pessoas que estão debilitadas imunologicamente”, comentou.
“Daí que também queiramos alertar para a necessidade de rastrear doentes com outras patologias”, como os diabéticos, doentes oncológicos, imunodeprimidos, doentes reumáticos para “tratar as pessoas quando ainda não estão doentes (tuberculose latente)”, explicou.
A tuberculose é uma doença infeciosa, grave e potencialmente mortal, se não for tratada, sendo transmitida pelo ar e pode atingir todos os órgãos do corpo, mas especialmente os pulmões.
Em Portugal a incidência da tuberculose é ainda de cerca de 20 novos casos por 10 mil habitantes, superior à maioria dos países com o desenvolvimento económico idêntico a Portugal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda morrem 4.000 pessoas por dia em todo o mundo devido à doença.
Lusa