Numa declaração extraordinária, a escola de Medicina de Harvard e o hospital afiliado Brigham and Women, em Boston, acusaram o médico Piero Anversa, ex-diretor de laboratório nessas instituições, de ter "falsificado e/ou inventado dados" publicados em 31 artigos científicos.

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As instituições disseram aos sites especializados STAT e Retraction Watch que solicitaram às revistas que publicaram os artigos que os retirassem e declarassem inválidos.

O pior para a carreira de um investigador

No mundo da pesquisa científica, uma retratação é a pior rejeição para o trabalho de um cientista. Significa que o artigo ou estudo apresenta problemas ou erros, sejam eles intencionais ou não.

Neste caso, o artigo que a NEJM agora retratou foi amplamente noticiado em 2011 e deu origem a uma série de outras investigações científicas.

A comunidade científica é interdependente e dependente do rigor e boa fé dos investigadores

Em 2011, vários meios de comunicação deram cobertura ao caso: o médico Piero Anversa anunciou ter descoberto as primeiras células estaminais capazes de promover a regeneração dos pulmões, dizendo que estas poderiam abrir caminho para o tratamento de doenças pulmonares crónicas, como o cancro ou a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

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10 milhões em bolsas e recursos públicos

O cientistas anunciou várias "descobertas" sobre células estaminais do coração, ganhando notoriedade e poder nesse campo, o que, por sua vez, teria permitido que ele recebesse 10 milhões de dólares em recursos públicos.

Mas há vários anos aumentaram as dúvidas sobre a veracidade do seu trabalho. Outros académicos não conseguiram replicar nem comprovar os seus resultados. Os artigos foram corrigidos e, em 2014, fizeram uma importante retratação, na revista americana American Heart Association, Circulation. Depois outros 30 artigos foram também retirados de outras publicações científicas.

"Um princípio fundamental da ciência é que todos os artigos publicados devem basear-se em práticas de pesquisa rigorosas. Quando essas práticas se desviam da norma, as consequências são graves para toda a ciência. A comunidade científica é interdependente e dependente do rigor e boa fé dos investigadores", acrescentaram em comunicado a Universidade de Harvard e o Hospital Brigham and Women onde o médico exerce.