20 de novembro de 2013 - 11h33

Um tribunal espanhol condenou hoje a farmacêutica Grünenthal ao pagamento de uma indemnização aos afetados da talidomida que reclamaram 204 milhões de euros pelas deformações que lhes causou esse medicamento.

A decisão, que pode ser ainda passível de recurso no prazo de 20 dias, foi apresentada hoje pelo tribunal de Primeira Instância número 90 de Madrid, que analisou a queixa apresentada por 180 vítimas da talidomida.

Na sentença, a juíza Gemma Susana Fernández Díaz responde a parte do pedido dos queixosos, condenado a farmacêutica alemã ao pagamento a cada um dos afetados de 20 mil euros por cada ponto percentual de invalidez que lhes tenha sido reconhecido pelas autoridades.

Além da indemnização, a juíza condena a farmacêutica ao pagamento dos custos legais desde a data da apresentação da queixa.

Os afetados nasceram sem pés ou sem braços depois das suas mães terem tomado talidomida para combater as náuseas da gravidez.

Estima-se que cerca de 10 mil crianças nasceram com deformações - incluindo ausência de alguns membros - depois de as mães terem tomado talidomida, medicamento vendido em quase 50 países antes de ser retirado do mercado em 1961.

No início de setembro, a empresa alemã produtora da talidomida realizou, 50 anos depois, os primeiros pedidos de desculpas aos milhares de crianças portadores de malformações causadas durante a gestação.

O diretor executivo da Harald Grunenthal disse em setembro que a sua empresa estava "muito triste" com o silêncio em relação às vítimas da talidomida, vendida às mulheres grávidas para tratar os enjoos matinais nos anos 1950 e início dos anos 1960.

"Nós pedimos que vocês considerem o nosso silêncio como um sinal do choque que o vosso destino nos causou", disse Harald, num discurso.

Um pedido de desculpa que não é considerado suficiente por associações de vítimas.

Freddie Astbury, consultor chefe da associação "Thalidomide Agency UK", respondeu que a empresa deveria fazer mais do que expressar um simples pedido de desculpas, indicando que as palavras deveriam ser acompanhas de um financiamento.

Lusa