
“Só soube esta manhã pelas notícias da televisão. A minha mulher está aqui internada mas ninguém nos avisou ou deu qualquer informação até agora”, afirmou aos jornalistas Manuel Silva, residente em Fontes, Santa Marta de Penaguião.
Este familiar revelou-se preocupado também porque a mulher vai ser transferida para Chaves, que dista mais de 100 quilómetros da Régua e não sabe como é que a poderá ir visitar, já que não tem carro nem conduz.
“Ela foi operada em Vila Real, onde esteve 12 dias e agora, como lá precisam dos quartos, mandaram-na para aqui até ter vaga para fazer os cuidados continuados. Agora diz que vão ser transferidos para Chaves e eu não acho isto nada bem”, salientou Manuel Silva.
O diretor-geral da Saúde já disse hoje que vão ser transferidos 12 doentes do hospital da Régua, incluído no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), onde foi detetada a presença de legionela na rede de água, embora nenhum tenha contraído a doença dos legionários.
“O sistema de vigilância da qualidade da água identificou a presença da bateria legionela e, uma vez identificada, foram tomadas as medidas, sublinho, em termos de boas práticas, que devem sempre ser tomadas: reduzir o risco dos doentes aí presentes, e do pessoal, em contrair a infeção”, afirmou Francisco George à agência Lusa.
De acordo com o diretor-geral, a medida de desinfeção da unidade hospitalar foi tomada a tempo, uma vez que não há doentes com a doença dos legionários, avançando que 12 doentes já se encontram a ser transferidos.
“Os doentes e o pessoal de serviço já estão a ser transferidos, logo depois vão iniciar-se as operações de desinfeção da rede predial daquele estabelecimento, que se faz através de um choque de cloro ou de um choque térmico”, explicou Francisco George.
Para o responsável, a forma como se fará a desinfeção terá a ver com aquilo que a rede predial suportará, lembrando que as colónias de bactérias da legionela “são eliminadas pelo calor, acima dos 60 graus”.
“Trata-se de uma medida de desinfeção que foi [tomada] ainda a tempo, uma vez que não há doentes com a doença dos legionários”, afirmou, sublinhando tratar-se de “um exemplo de boas práticas: foi identificado um risco e esse risco foi eliminado”.
Nuno Gonçalves, presidente da Câmara da Régua, distrito de Vila Real, afirmou que ficou “muito mais descansado” depois de ouvir os esclarecimentos da Direção Geral de Saúde.
“A transferência dos doentes é uma medida de prevenção. A informação que nos deram é que haveria dois pontos do hospital, que não os do internamento onde estavam os doentes, onde teria sido detetada a bactéria”, referiu.
O autarca disse esperar que a situação seja resolvida “muito rapidamente” e que confia que a administração do centro hospitalar “tudo fará” no sentido de, “o mais rápido possível, debelar esta situação para que o hospital possam também retomar o seu funcionamento normal”.
O CHTMAD inclui os hospitais de Vila Real, Lamego, Chaves e Peso da Régua, unidade cujo encerramento esteve por diversas vezes em cima da mesa e que estava incluída na lista de hospitais que o Governo queria devolver às misericórdias.
A doença do legionário é uma pneumonia que afeta preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas.
A pneumonia provocada pela bactéria legionela pode provocar a morte.
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