“Existe uma clara falta de condições” nas duas Unidades de Saúde Familiar (USF) da Nazaré”, denunciou a CDU numa moção em que aponta várias “faltas e falhas” às instalações do serviço instalado desde junho de 2018 num edifício da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.

As duas unidades de saúde (Global e Nazareth) foram transferidas para as instalações da Confraria para permitir a demolição do centro de saúde que funcionava há 40 anos em instalações provisórias e permitir a construção de um novo edifício.

Porém, o facto de a obra ainda não estar concluída levou a CDU a apresentar na Assembleia Municipal (AM), na última sexta-feira, uma moção em que denuncia os “vários problemas” das atuais instalações, alguns dos quais estima que se irão agravar com a chegada do Inverno.

Além do “frio que ali se sente, dada a localização e as condições nada térmicas do edifício de construção muito antiga”, a CDU aponta o dedo à “falta de isolamento e proteção das janelas dos consultórios”, denunciando que “da rua se vê tudo o que se passa lá dentro”, pondo em risco a privacidade de “utentes, médicos e restante pessoal que ali trabalha”.

No documento, a CDU critica ainda “os acessos difíceis para idosos e doentes com dificuldade de locomoção, que já provocaram várias quedas, algumas delas levaram a que os utentes acabassem nas urgências do Hospital em Alcobaça com vários traumatismos”.

A localização do edifício, “bastante fora do maior núcleo urbano e com difíceis transportes e estacionamento”, é também apontada como um fator negativo em termos de acessibilidade aos cuidados de saúde.

Mas as “faltas e falhas” do serviço estendem-se, segundo a CDU, “a habituais falhas no equipamento de apoio à consulta” , sobretudo numa das USF onde “os clínicos têm que sair do seu consultório para pedirem um esfigmomanómetro emprestado do colega ao lado”, dado haver apenas “um a funcionar na unidade”, onde, segundo os comunistas, faltam outros equipamentos “que os profissionais e os utentes têm galhardamente aguentado”.

Na moção aprovada por maioria, a CDU sublinha que “não basta colocar fita-cola antiderrapante no chão” e exige que “rapidamente se executem outras soluções no conjunto do edifício” antes que se verifiquem “mais acidentes”.

Por isso exige à direção do Agrupamento de Centro de Saúde (Aces) Oeste Norte, sob tutela da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), que “sejam verificadas rapidamente todas as falhas” possíveis de resolver e que sejam “repostos o material e os equipamentos em falta, para uso dos profissionais”.

No documento que vai ser enviado ao Ministério da Saúde e a todos os grupos parlamentares, a CDU exige ainda que as falhas identificadas “sejam rápida e eficazmente colmatadas, já que o tempo que ainda falta para a abertura do novo edifício do Centro de Saúde da Nazaré, não se compadece com as estações do ano, nem com a necessidade de melhores condições exigidas pelos utentes do SNS na prestação dos cuidados de saúde”.

Questionada pela agência Lusa, a ARSLVT reconheceu que as condições "não são as ideais para a prestação de cuidados de saúde", tanto mais que "o edifício não foi construído com esse fim".

"O ACES Oeste Norte e os profissionais da unidade da Nazaré têm tentado alertar os utentes para os constrangimentos de acesso através de sinalética e do contacto direto com os utentes", esclareceu ainda a ARSLVT, acrescentando que os equipamentos referidos pela CDU "foram disponibilizados em todos os consultórios médicos" e que só estão em falta por terem avariado, "aguardando-se a sua devolução", após a reparação.

Contactado pela Lusa, o presidente da câmara da Nazaré, Walter Chicharro (PS), explicou que o atraso na conclusão do novo Centro de Saúde se deveu “a problemas com as fundações que obrigaram a uma paragem da obra por cerca de mês e meio”.

O autarca estimou que o edifício seja concluído “até ao final do ano”, ficando depois a faltar “a parte de equipamentos e mobiliário” da responsabilidade da ARSLVT.

A expectativa de Walter Chicharro é de que, “até ao verão, as unidades de saúde possam estar a funcionar nas novas instalações”, um investimento de 1.413.876,10 euros, comparticipados pelo FEDER (Fundo de Desenvolvimento Regional) em 950.300,00 euros e pela ARSLVT em 463.576,10 euros.