Giorgia Green, de 14 anos, foi encontrada inconsciente pelo irmão no ano passado, na casa onde a família vive, em Derby, no Reino Unido. A criança entrou em paragem cardiorrespiratória na sequência da utilização de aerossóis em spray no quarto.

A criança autista utilizava recorrentemente um desodorizante naquele espaço, porque, segundo o progenitor, a menina considerava o cheiro reconfortante. "Se estivesse a sentir-se ansiosa, borrifava o spray e isso dava-lhe uma sensação de conforto porque é um desodorizante que a minha mulher usava", disse Paul Green à BBC.

Paul Green admite que não conhecia os riscos associados à utilização do produto e pede agora rotulagem mais clara nos produtos em aerossol.

"As pessoas não sabem o quão perigoso pode ser o conteúdo dessas latas. Gostava que mais ninguém no país ou no mundo acabasse por ter de passar pelo que passámos. Não queremos que a morte da nossa filha seja em vão", justifica.

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A associação comercial do Reino Unido que representa empresas envolvidas na cadeia de fornecimento de aerossóis, a "British Aerosol Manufacturers' Association" (BAMA), defende que os desodorizantes em spray têm "advertências muito claras", bem como instruções sobre a sua correta utilização.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico, o termo "desodorizante" foi mencionado em 11 certidões de óbito entre 2001 e 2020, sendo provável que o número real de mortes associado à inalação deste tipo de aerossóis seja superior.

O butano, principal ingrediente do produto usado por Giorgia Green, esteve envolvido em 324 mortes entre 2001 e 2020. Propano e isobutano, também presentes no desodorizante, foram mencionados em 123 e 38 mortes respetivamente.

"A inalação de gás butano ou propano pode levar à insuficiência cardíaca", observa o instituto citado pela BBC.

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