
Uma mulher de 20 anos, grávida de 33 semanas, deu entrada no serviço de urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com uma infeção respiratória, alterações do fluxo urinário e um feto abaixo do tamanho normal. É internada e são-lhe prescritos vários exames, entre eles, uma cardiotocografia (conhecida por CTG), um exame que serve para avaliar o bem-estar do feto e que deve ser feito uma vez por turno.
Na noite do segundo dia do internamento, nem esta jovem nem as restantes mulheres internadas no serviço de obstetrícia foram submetidas ao exame. A data coincidiu com o início de um protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna.
A enfermeira especialista de serviço, ao iniciar o turno, contactou a equipa médica de urgência para saber quem iria assegurar os exames naquela noite. O chefe de equipa explicou que não seriam os médicos porque não havia profissionais em número suficiente e acrescentou que "eventuais responsabilidades pelo incumprimento da não realização do exame seriam da própria enfermeira". Confrontada com esta posição, a especialista decide não realizar o exame.
O caso é relatado pelo jornal Público, que avança as conclusões da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS): a recusa de realização do exame teve "eventuais repercussões no desenvolvimento do quadro clínico da (doente)".
Às 8h00 da manhã do dia seguinte, a mulher grávida começou a perder sangue por via vaginal. Não são detetados batimentos fetais e o feto é dado como morto.
O Ministério Público decidiu abrir um inquérito ao caso. A investigação está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal.
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