O programa quer ainda combater “o estigma” que impede a procura a testagem e o tratamento, de acordo com informação divulgada pela Embaixada dos Estados Unidos em Maputo.
O projeto Populações Chave e Prioritárias para o VIH (PASSOS+) é financiado pelo Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da SIDA (PEPFAR) e permitirá “formar e apoiar os profissionais de saúde para fornecerem a estas populações chave serviços de prevenção e tratamento do VIH de alta qualidade e isentos de estigma”, indicou.
“O ‘PASSOS+’ também trabalhará para aumentar os serviços de referência, mapear e monitorizar os serviços prestados a estas populações e diminuir as barreiras estruturais e sociais aos serviços de saúde. O objetivo deste programa é superar essas barreiras para que serviços de qualidade estejam disponíveis a nível comunitário e a nível das unidades de saúde – para que nenhum moçambicano fique mal servido”, referiu o comunicado.
O programa será implementado em cinco anos por um consórcio de organizações não-governamentais moçambicanas, liderado pelo Centro Internacional de Saúde Reprodutiva em Moçambique (ICRH-M), em conjunto com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional Contra a SIDA (CNCS).
“Melhora a saúde entre populações chave que correm alto risco de contrair e espalhar o VIH. Estas populações — homens que fazem sexo com homens, indivíduos transexuais, trabalhadores do sexo, pessoas que injetam drogas e pessoas em prisões e outros ambientes fechados — também sofrem de discriminação e falta de estatuto social, dificultando o seu acesso a serviços de tratamento de VIH de qualidade”, sublinharam ainda as autoridades norte-americanas.
O Governo dos Estados Unidos disse garantir mais de 400 milhões de dólares (cerca de 371,2 milhões de euros) em assistência anual para combater a epidemia do VIH/Sida em Moçambique, através do PEPFAR.
“Com este apoio, a resposta nacional de Moçambique ao VIH fez progressos incríveis no sentido de fazer com que as pessoas que vivem com VIH tenham acesso e mantenham o tratamento”, acrescentou.
Pelo menos 48 mil pessoas morrem anualmente em Moçambique vítimas do VIH/Sida e outras 97 mil são infetadas, indicam estimativas de 2022, disse o ministro da Saúde moçambicano.
“Os números que aqui anunciamos não são apenas estatísticas, eles representam dor, sofrimento, mas sobretudo perda dos nossos concidadãos”, disse Armindo Tiago, durante uma cerimónia para assinalar o Dia Mundial de Combate à Sida.
Armindo Tiago avançou ainda que 2,4 milhões de pessoas vivem com o vírus da imunodeficiência humana no país, 94% das quais são maiores de 15 anos, sendo que a taxa de transmissão vertical é de 10%.
Do total de pessoas infetadas em Moçambique, até setembro deste ano, pelo menos 88% conheciam o seu estado, comparado a 36% do igual período de 2010, adiantou.
O Ministério da Saúde moçambicano disse que cerca de dois milhões de pessoas com VIH/Sida estão em tratamento antirretroviral, uma doença que atinge maioritariamente mulheres entre os 15 e 29 anos.
“O Programa de Combate ao Sida de Moçambique é o segundo em termos de pessoas em tratamento a nível mundial. Deveríamos celebrar, mas devemos considerar que é um trabalho árduo que podia ser evitado e, portanto, a nossa luta é garantir que não mais aumentemos esses números no futuro”, disse Armindo Tiago.
O ministro da Saúde moçambicano referiu ainda que devido a disponibilidade do tratamento antirretroviral, nos últimos 22 anos o país conseguiu evitar a morte de cerca de um milhão de pessoas e a transmissão vertical da doença em 330 mil crianças.
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