Os pais com mais conhecimento sobre comportamentos alimentares saudáveis têm filhos com um índice de massa corporal mais baixo, mas não conseguem modificar as preferências alimentares das crianças, segundo um estudo de uma investigadora portuguesa.

A análise foi feita a pais de 231 crianças entre os cinco e os seis de jardins de infância de Loures e vai ser apresentada na Conferência Internacional de Obesidade Infantil, que começa hoje em Oeiras.

Com o objetivo de verificar se o conhecimento nutricional dos pais tem ou não efeitos positivos, a autora do estudo, Graça Andrade, refere ter concluído que os pais com boa informação tendem a ter filhos com menos índice de massa corporal (relação entre peso e altura).

“Poderia pensar-se que os efeitos da informação nutricional não estão a ser grandes, porque as taxas de obesidade continuam a aumentar. Mas o estudo não confirma esta ideia”, referiu à agência Lusa a investigadora da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa.

Dos pais estudados, 12% apresentou baixos conhecimentos, 52% um nível médio e 35% corresponderam a um conhecimento elevado.

A análise conclui também que os pais com mais conhecimento sobre nutrição têm uma maior perceção de que controlam o comportamento alimentar das crianças.

Mas há aspetos que não são influenciados pelo nível de informação nutricional dos educadores, como o caso dos gostos alimentares das crianças, avisa Graça Andrade: “Os pais com bons conhecimentos não têm crianças a preferirem alimentos mais saudáveis”.

Ou seja, continua a ser preciso que os adultos influenciem a alimentação das crianças com outra estratégias, como fazer com que comam pequenas quantidades de alguns alimentos, mesmo que não gostem.

“Uma criança que não gosta de vegetais pode ser um problema. Se começar a comer doses pequenas, como uma folha de alface ou cinco ervilhas, isso vai ajudar”, exemplifica a autora do estudo.

Graça Andrade revela que expor uma pessoa oito vezes a um alimento aumenta a sua preferência por ele.

Outra das estratégias é o aleitamento materno, já que o leite humano tem sempre um sabor variável, o que ajuda a criança a habituar-se a gostar de maior variedade.

06 de julho de 2011

Fonte: Lusa