28 de fevereiro de 2012 - 14h51
Vinte por cento das cerca de mil amostras de água provenientes de sistemas artificiais analisadas laboratorialmente revelaram a presença da bactéria Legionella, responsável pela Doença dos Legionários, segundo um estudo que recomenda programas de vigilância de pontos críticos.
O estudo “Prevalência de Legionella nos sistemas de água”, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico “Observações”, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, analisou 975 amostras provenientes de água para consumo humano (nomeadamente chuveiros), águas termais, águas industriais, de torres de refrigeração e de jacuzzi.
Das amostras de água analisadas entre janeiro de 2010 e junho do ano passado, 192 estavam contaminadas com Legionella, a bactéria responsável pela Doença dos Legionários, uma pneumonia grave, cuja infeção se transmite por via respiratória, através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada.
Das 492 amostras de água de consumo humano, 138 (28 por cento) eram positivas para a Legionella, enquanto das 144 provenientes das águas termais, nove (6,3 por cento) deram resultado positivo.
Doze das 115 amostras de águas industriais revelaram a presença da bactéria, enquanto das 224 das águas de torres de refrigeração, 33 foram positivas (14,7 por cento).
Em relação aos jacuzzis, apenas foram analisadas oito amostras, tendo três delas (37,5 por cento) obtido resultado positivo.
Falta de controlo
Raquel Rodrigues, do Departamento de Saúde Ambiental do INSA e uma das autoras do estudo, considera que, perante estes resultados, “faz todo o sentido a preocupação que as autoridades de saúde dão a esta bactéria”.
“Não se pode deixar de apostar na prevenção”, disse à agência Lusa, defendendo que “os sistemas de água artificiais devem ser mantidos sob vigilância e controlo”.
Em relação aos jacuzzis, a investigadora relembra que os gestores destes espaços podem apoiar-se nas guias e recomendações da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Português da Qualidade (IPQ) sobre as medidas de prevenção.
O estudo chama a atenção para o facto de, “com exceção das águas termais e dos sistemas de refrigeração em edifícios, não existe legislação específica que obrigue à pesquisa de legionella”.
Os autores defendem que “a vigilância de determinados edifícios ou locais considerados de maior risco, como lares de idosos, hospitais e outras instituições que prestam cuidados de saúde deveria ser obrigatória e efetuada em intervalos de tempo específicos, por entidades competentes para o efeito”.
Dados da DGS indicam que entre 2004 e 2007 foram confirmados 242 casos de Doença dos Legionários em Portugal.
Lusa