A distribuição gratuita de milhares de preservativos nas vilas olímpicas tornou-se uma tradição, uma maneira de promover o sexo seguro utilizando a imagem de superatletas do mundo inteiro.

Esta tradição olímpica aparece como uma oportunidade de ouro para os fabricantes, que no caso do Japão quer também dar visibilidade aos avanços tecnológicos da industria, orgulhosa dos materiais usados e da grossura de apenas 0,01 milímetro dos seus preservativos. Além da grossura praticamente inexistente, estes preservativos são feitos de poliuretano, uma substância tolerada por pessoas alérgicas ao látex, usado na fabricação da maioria dos preservativos do mundo.

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"Somente as empresas japonesas fabricam atualmente preservativos de 0,01-0,02 mm", afirmou Hiroshi Yamishita, representante da Sagami Rubber Industries.

"Nós vemos os Jogos de Tóquio como uma oportunidade extraordinariamente preciosa para fazer com o que o mundo conheça a verdadeira tecnologia japonesa", completou.

O preservativo é o método contraceptivo mais usado no Japão, já que a pílula só começou a ser vendida no país a partir de 1999. As empresas japonesas, porém, são mais pequenas do que as líderes do mercado internacional, o grupo britânico Durex e o americano Trojan.

A Sagami foi criada em 1934 por Saku Matsukawa para ajudar as mulheres japonesas a evitar gravidezes indesejadas, numa época em que a pobreza e a falta de alimentos assolavam o país. Em 2000, as vendas da empresa começaram a declinar devido ao envelhecimento da população e ao aumento da quantidade de jovens que não mostram interesse em ter relações sexuais.

Um preservativo que mudou hábitos

Foi nessa altura que Sagami criou um preservativo de 0,01 mm, comercializado no Japão desde 2013. A novidade foi um sucesso e as vendas voltaram a subir, de acordo com os dados da federação nacional das empresas do setor, a Condom Kogyokai.

"Tivemos muitos debates dentro das empresas para saber se haveria procura no mercado de preservativos de 0,01 mm, num momento em que já havia uma opção de 0,02 mm nos mercados", lembrou Chiaki Yamanaka, que contribuiu para o desenvolvimento do novo produto. "Acabou por se tornarem muito populares entre os consumidores", continua.

"Os preservativos são uma forma eficiente de ajudar as pessoas a protegerem-se contra doenças sexualmente transmissíveis e, como são finos, os homens são mais propensos a usá-los", explicou à agência de notícias France Presse Tomonori Hayashi, diretor da Okamoto Industries, que começou a comercializar o seu protótipo de 0,01 mm em 2015.

Este ano, nos Jogos Olímpicos de PyeongChang, na Coreia do Sul, os organizadores distribuíram 11.000 preservativos, um recorde para as competições invernais. E o comité de organização dos Jogos de Tóquio-2020 quer dar sequência a essa tradição.

"Pensamos em entregar os preservativos, entre outros artigos, na Vila Olímpica. Mas quantos e quais marcas, isso ainda não foi decidido", explicou um membro do comité, que pediu para não ser identificado.