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Observatório de saúde revela em relatório dados críticos sobre impacto da crise na saúde
18 de junho de 2013 - 09h40
Especialistas do Observatório Português do Sistema de Saúde (OPSS) mostram no relatório de Primavera de 2013 que numa amostra de idosos com mais de 65 anos, de Lisboa, cerca de 30% deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos, escreve a edição online de hoje do jornal Público.
Um outro estudo citado pelo relatório fala num aumento de 47% das tentativas de suicídio e de 30% dos casos de depressão numa das unidades locais de saúde do país.
No relatório do ano passado, já se falava num “país em sofrimento”, com indícios de racionamento que estaria a dificultar o acesso dos portugueses a cuidados de saúde. O Relatório da Primavera, que segue na 14.ª edição, não faz uma análise dos indicadores oficiais sobre o desempenho do SNS. Socorre-se, de estudos internacionais e de trabalhos de investigação portugueses, como os resultados de um questionário da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), realizado em 2013, que abrangeu 1252 idosos da Grande Lisboa.
"Cerca de 30% responderam que já deixaram de utilizar alguns recursos de saúde por não poderem comportar os custos, sendo que, destes, cerca de 60% referiram a consulta particular, 48% a medicina dentária, 47% referiram a aquisição de óculos e aparelhos auditivos e 25% serviços públicos de saúde de primeira necessidade”, cita o mesmo jornal.
Tentativas de suícidio aumentam quase 50% nas mulheres
Segundo os registos dos médicos de família de uma unidade de saúde local sobre depressão e de tentativas de suicídio, os especialistas apresentam alguma evidência sobre a evolução deste indicador. “Na Unidade Local de Saúde do Alto Minho verificou-se, de 2011 para 2012, um acréscimo no diagnóstico de depressão de 30% para os homens e 31% para as mulheres. Já relativamente aos registos de tentativas de suicídio, e no mesmo período, verificou-se um acréscimo de 35% para os homens e 47% para as mulheres”.
O relatório indica ainda que os cortes orçamentais são superiores ao exigido pela troika e — tal como em anos anteriores — insiste na crítica sobre a “ausência de estratégia de resposta às consequências da crise na saúde da população”.
O documento dá ainda destaque ao aumento das taxas moderadoras, concluindo que os valores referidos no Memorando de Entendimento enquanto fonte de financiamento “não se constituem como tal e o seu aumento poderá ser uma verdadeira barreira de acesso aos cuidados de saúde”.
O relatório realça alguns pontos positivos, como as medidas que contribuíram para influenciar uma gestão mais eficiente dos recursos disponíveis para a área da saúde. No que toca à política do medicamento, verificou-se também uma baixa de preços que contribuiu para uma ligeira diminuição dos encargos dos utentes com medicamentos.
O relatório avalia de forma positiva “o alargamento dos programas de vigilância da saúde e das doenças crónicas, os rastreios oncológicos, e o alargamento e melhoria dos cuidados domiciliários” e ainda a continuidade de produção de Normas de Orientação Clínica.
O relatório é apresentado nesta terça-feira na Fundação Gulbenkian numa sessão que vai contar com o ministro Paulo Macedo.
SAPO Saúde
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