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Reino Unido é dos países que mais mão-de-obra qualificada na saúde recruta em Portugal
23 de janeiro de 2014 - 12h44
A diretora da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada afirmou hoje que a instituição está a formar mão-de-obra qualificada “para o mundo”, relevando que tem sido contactada por instituições inglesas que pretendem recrutar recém licenciados.
“Estamos a formar também para o mundo. Por um lado, isto tem um aspeto negativo, porque a formação de um estudante de ensino superior é cara e depois vemos essa mão-de-obra qualificada e massa crítica ir beneficiar outros países”, afirmou à Lusa Leonor Melo, que dirige a escola que há 55 anos se dedica à formação de enfermeiros na ilha de S. Miguel.
Nos últimos tempos, vários enfermeiros recém licenciados nos Açores, à semelhança do que acontece no resto do país, têm optado por emigrar, nomeadamente para o Reino Unido, por falta de emprego na sua área de formação.
Leonor Melo assumiu que tem sido contactada por instituições britânicas com o objetivo de recrutarem alunos recém licenciados na escola de Ponta Delgada ou que já tenham alguma experiência profissional na área, algo que considerou positivo, pois “é, também, um reconhecimento da qualidade da formação".
“Eu tenho recebido informação para ir divulgando e divulgo aqui dentro, porque tenho de o fazer, divulgando a procura noutros países, nomeadamente Inglaterra, de recém formados”, disse Leonor Melo, uma realidade que compreende dado o “mundo globalizante" atual, "a falta de emprego em Portugal e o desejo dos novos enfermeiros de se autonomizarem financeiramente”.
Sem contabilizar quantos enfermeiros formados na escola de Ponta Delgada já emigraram, Leonor Melo assegurou que, apesar de haver alguns que o fizeram, “a maior parte deles opta por entrar no programa Estagiar L [criado pelo Governo dos Açores], ficam durante um ano e depois tentam, então, as vagas que houver no sistema de saúde”.
Segundo disse Leonor Melo, trabalham nos Açores, atualmente, mil enfermeiros, dos quais cerca de 450 profissionais estão afetos ao hospital de Ponta Delgada e cerca de 300 à Unidade de Saúde de S. Miguel, na maior e mais populosa ilha do arquipélago.
“A Região Autónoma dos Açores não tem muitas instituições de saúde privadas, nomeadamente em termos de hospital”, referiu Leonor Melo, para explicar que a grande maioria dos enfermeiros trabalham no setor público, nomeadamente nos três hospitais açorianos (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) e centros de saúde.
Leonor Melo recordou que já foi anunciada a construção de um hospital privado no concelho da Lagoa, ilha de s. Miguel, uma obra que, a concretizar-se, “poderá criar novos empregos para os enfermeiros formados nos Açores”.
Desde 2004 que a Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada, com um total de 225 alunos e 19 docentes, está integrada na Universidade dos Açores.
Apesar da crise financeira e de liderança por que passa a única instituição de ensino superior existente nos Açores, Leonor Melo afirmou que “a escola ponderou e decidiu que fazia sentido fazer uma celebração, que não é pomposa” dos seus 55 anos de atividade regular.
Oficialmente, o aniversário da instituição acontece a 26 de janeiro, mas por ser domingo a data será assinalada com uma sessão pública no dia 24, com “uma mesa redonda” que vai versar sobre “Os estudantes como essência da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada: sentir o presente, perspetivar o futuro”.
A instituição de ensino tem oferecido ao longo do seu percurso um leque formativo diversificado quer ao nível da formação inicial em enfermagem, quer ao nível da oferta especializada e avançada no âmbito da saúde.
Lusa
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