De acordo com os dados analisados em 2017, os utentes intervencionados cirurgicamente para tratar a obesidade num hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS) esperaram, em média, oito meses, desde a data de entrada para a lista de inscritos para a cirurgia até ao dia da cirurgia.

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Mas, em média, esses doentes já tinham esperado oito meses pela consulta de cirurgia, ou seja, no total um doente que queira ser submetido a uma cirurgia para tratar a obesidade tem de esperar 16 meses.

Segundo o relatório, a área da obesidade é a que apresenta "o pior desempenho relativo, quando comparada com outras especialidades" no SNS. O estudo revela ainda que 15 Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) não dispõem dos serviços de nutrição.

De acordo com os dados do Inquérito Nacional de Saúde, mais de metade da população (52,8%) com 18 ou mais anos tem excesso de peso ou é obesa. Já um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), divulgado no ano passado, indica que cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou vivem em risco de desenvolverem essa condição.

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"A obesidade é uma doença com um grande impacto na saúde pública e nos sistemas de saúde", refere Paula Freitas, médica endocrinologista e presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade.

A médica afirma ainda que em Portugal não existem fármacos comparticipado para tratar a obesidade. "Aliás, nunca houve nenhum que o fosse no nosso país", frisa.

A médica alerta que a obesidade tem de ser olhada "numa perspetiva mais global, uma vez que ainda há muitos doentes que são tratados pelas doenças associadas, como a diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, apneia do sono, entre outras, sem que se resolva aquilo que as causa, ou seja, a obesidade".

Falta de profissionais 

Paula Freitas aproveita para chamar a atenção para outra falha, também denotada no relatório do Regulador: faltam nutricionistas e fisiologistas do exercício físico nos centros de saúde, capazes de prescrever quer o plano alimentar, quer o exercício certo para cada doente, tal como se faz com a terapêutica medicamentosa.

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"Os médicos aconselham os doentes a fazer caminhadas, a inscrever-se no ginásio, etc. Mas todos deveriam ter acesso a um fisiologista do exercício físico, de modo a ter uma prescrição de exercício à medida da sua condição física e das doenças concomitantes", sugere a especialista.

A prevalência da obesidade tem vindo a aumentar em todo o mundo, de tal forma que a Organização Mundial de Saúde lhe atribui mesmo a designação de epidemia global. Trata-se de um problema grave de saúde pública, uma das principais causas de doença e morte prematura, sendo um fator de risco para várias doenças, como as cardiovasculares, a diabetes e vários tipos de cancros. É, no entanto, possível de prevenir, graças a uma mudança nos estilos de vida, que passa por uma alimentação saudável e a prática regular de de exercício físico.