Na sua fase inicial, a doença é assintomática e por isso, na maior parte das vezes, não é detetada, alertam a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e a Sociedade Portuguesa de Nefrologia, numa declaração conjunta para assinalar o Dia Mundial do Rim, que hoje se celebra.

Quando a Doença Renal Crónica (DRC) não é tratada precocemente, o doente pode acabar a fazer diálise, dizem as sociedades médicas e a associação de doentes, que pediram a intervenção dos deputados da Assembleia da República numa carta a que a Lusa teve acesso.

O grupo enviou para a Comissão de Saúde um documento apelando à criação de programas integrados para controlo de doenças não transmissíveis que contemple a doença renal crónica (DRC), a diabetes e as doenças cardiovasculares ao nível dos cuidados de saúde primários.

Os especialistas e os doentes pedem mais “medidas políticas, legislativas e regulatórias, destinadas a promover a deteção precoce da DRC” assim como “serviços de saúde essenciais que promovam o acesso ao diagnóstico precoce e tratamento da DRC”.

Um estudo nacional recente citado pelas associações aponta para uma prevalência da doença na população portuguesa de 10%, ou seja, cerca de um milhão de pessoas, enquanto um outro estudo referido na declaração estima que a doença afete 20% da população no país.

Os médicos e doentes sublinham que esta é uma doença que afeta mais os mais pobres, que têm um “acesso limitado ao tratamento e, logo, piores resultados”.

As sociedades e a associação defendem que uma deteção precoce da doença permitiria “retardar a progressão da doença e reduzir o risco cardiovascular”.

Aquelas entidades lembram que existem exames de diagnóstico “precisos e de baixo custo” que permitiram iniciar os tratamentos mais cedo e, assim, reduzir custos futuros na saúde e melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Já na quarta-feira, a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) alertou para a necessidade de intensificar o rastreio da DRC, uma doença “bastante limitadora” e com custos que representam entre 2% e 6% do orçamento dos cuidados de saúde.

No seu comunicado, a sociedade médica alertava que a prevalência da doença em Portugal (20%) é o dobro da do resto do mundo (10%), e argumentava que a reduzida realização de rastreios leva os doentes a surgirem em fases muito avançadas da doença, “em situações irreversíveis”.

Existem cinco níveis de gravidade da DRC, que vão desde o menos grave (nível 1) à falência renal (nível 5).

A doença renal crónica consiste numa lesão renal com perda progressiva e irreversível da função dos rins e, na fase mais avançada, os rins deixam de ser capazes de manter a normalidade do meio interno do doente.