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Demência afeta 5% das pessoas com 65 anos
5 de dezembro de 2013 - 15h22
Os doentes com demências, principalmente com Alzheimer, contam, a partir de sexta-feira, com uma unidade especializada para os acolher, que também dará formação a cuidadores e profissionais que trabalhem em lares, disse hoje à Lusa o presidente das Misericórdias.
A Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI, em Fátima, que será inaugurada na sexta-feira, tem capacidade para 60 camas, 50 das quais serão comparticipadas, e está adaptada às especificidades e necessidades das pessoas com demência, com especial enfoque na doença de Alzheimer.
“É a primeira vez no setor social, e penso também no setor privado, que se faz uma unidade de raiz com estas características para acolher doentes com Alzheimer”, disse o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
Manuel Lemos adiantou que os doentes vão ser tratados naquela unidade de “uma forma muito digna, muito profissional e, tecnicamente, de uma forma muitíssimo competente”.
Por outro lado, salientou, a unidade Bento XVI vai dar formação a cuidadores e profissionais de Misericórdias ou outras instituições particulares de solidariedade social (IPSS) que trabalhem na área da terceira idade.
O objetivo é “disseminar boas práticas de modo a garantir cuidados adequados nas unidades residenciais para seniores”, refere a UMP.
“Toda a gente que tem ou conhece pessoas com Alzheimer sabe que esta doença destroça as suas famílias fisicamente e psicologicamente, porque todos os dias vemos pessoas que nos são muito queridas a perderem a sua cidadania”, disse Manuel Lemos.
Por isso, adiantou, “entendemos que esta unidade devia servir para fazer formação para que as pessoas sejam capazes de tratar bem os doentes nas suas casas ou nos lares”.
“O Governo foi muito sensível a esta nossa pretensão e estamos a ultimar um programa para, a partir de Fátima, poder formar pessoas que vão trabalhar com doentes nos lares das Misericórdias, nos lares da IPSS e também nas suas casas, num segundo momento”, acrescentou.
O investimento total nesta unidade, que inclui equipamentos, rondou os quatro milhões de euros, tendo a UMP obtido uma comparticipação do Estado de 750 mil euros, no âmbito do Programa Modelar.
A unidade, que integra a Rede Nacional de Cuidados Continuados, tem como responsável clínico o professor catedrático de Psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e diretor do Hospital do Mar, Caldas Almeida.
Vão trabalhar na unidade de cuidados continuados cerca de 40 pessoas, entre enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas da fala e ocupacionais, médicos e animadores.
A doença de Alzheimer afeta cerca de 90 mil portugueses e dados da UMP apontam para que, entre 2018 e 2020, metade dos idosos em lar sofram de doenças demenciais.
Estima-se que estas doenças afetem cerca de 5% das pessoas com 65 anos, 20% das que têm 80 anos e oscilando entre os 25% a 30% entre os idosos com 90 anos ou mais.
Lusa
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