A responsável, que nesta visita de cinco dias é acompanhada pela diretora regional para África da OMS, Matshidiso Moeti, tem reuniões agendadas com vários membros do Governo e um encontro previsto com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, de acordo com o programa provisório dos trabalhos.
"A diretora-geral da OMS aceitou vir a Angola, para nos ajudar a coordenar os esforços de cooperação internacional para melhor enfrentarmos esta situação", explicou recentemente o ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo.
A deslocação de Margaret Chan a Luanda inclui visitas a hospitais da capital e reuniões com representantes de outras organizações internacionais de cooperação com Angola.
Só a epidemia de febre-amarela que assola Angola vitimou mortalmente 218 pessoas entre dezembro, quando foi detetado o primeiro caso em Luanda, e o final de março.
De acordo com o mais recente boletim sobre a evolução da epidemia, do Ministério da Saúde angolano e da OMS, até 31 de março estavam confirmados laboratorialmente 493 casos de febre-amarela, havendo registo de mais uma centena de casos suspeitos em dois dias.
Desde dezembro, a epidemia da doença - segundo a OMS a pior em 30 anos - provocou mais de 1.500 casos suspeitos.
Para travar a epidemia de febre-amarela, o Ministério da Saúde e a OMS lançaram uma campanha de vacinação que até 31 de março já imunizou 5.837.020 pessoas, o equivalente a 89% da população-alvo da capital angolana.
O lixo acumulado nas ruas, falta de saneamento, dificuldades dos hospitais com falta de medicamentos, devido à crise financeira generalizada no país, e as fortes chuvas que se têm feito sentir, nomeadamente em Luanda, ajudam a explicar a rápida propagação da doença nos últimos meses.
O ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, afirmou na semana passada que Luanda vive epidemias de malária grave e febre-amarela que estão a deixar os hospitais sem capacidade de resposta, mas afastou declarar a situação de emergência na capital.
O governante anunciou a disponibilização de uma dotação adicional de mais de 30 milhões de dólares (26,8 milhões de euros) para a compra de vacinas, medicamentos e outro material médico para combater as duas epidemias que afetam a capital, verba que ainda será reforçada.
"Registámos desde o início deste ano, aqui na província de Luanda, uma epidemia de paludismo [malária] grave que tem, juntamente com a febre-amarela, aumentado a procura por parte dos utentes das unidades de saúde", apontou Luís Gomes Sambo.
Só a epidemia de malária já terá afetado cerca de 500.000 pessoas em Luanda nas últimas semanas, sendo a doença a principal causa de morte em Angola.
Angola vive uma profunda crise económica e financeira devido à quebra das receitas fiscais com a exportação de petróleo, o que levou o Estado a cortar nos gastos. Nos últimos dias multiplicaram-se donativos de empresários e população aos hospitais de Luanda, sem consumíveis e alimentos.
Já esta terça-feira, o ministro anunciou uma dotação excecional para contratar, nos próximos dias, cerca de 2.000 médicos e paramédicos angolanos recentemente formados no país e no estrangeiro para reforçar a capacidade de combate dos hospitais às epidemias que assolam sobretudo Luanda, província com quase sete milhões de habitantes.
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