À nossa escala, Portugal posiciona-se entre os países europeus que registam uma das mais elevadas taxas de prevalência da Diabetes, a qual foi estimada em 13,3% da população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos. Ou seja, um pouco mais do que um milhão de pessoas.
A Diabetes mellitus é uma doença na qual os níveis de açúcar no sangue (glicose) são anormalmente elevados, porque o organismo não produz insulina (hormona que permite a passagem da glicose para o interior das células) suficiente para atender às suas necessidades. Quando a insulina não atua, o organismo entra em hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) deteriorando progressivamente os vasos sanguíneos.
Por esta razão, as doenças cardiovasculares como a angina de peito, o enfarte agudo do miocárdio e a morte cardíaca súbita são mais frequentes em doentes diabéticos do que na população em geral. É por isso essencial controlar de perto outros fatores de risco como o consumo de tabaco, a hipertensão e o colesterol elevado, de forma a prevenir o efeito multiplicativo dos diversos fatores de risco sobre as artérias dos diabéticos.
A Diabetes é detetada quando os níveis de açúcar no sangue ultrapassam os 126mg/dL em duas ou mais medições da glicémia em jejum, ou mais de 200mg/dL numa análise em qualquer momento do dia, acompanhada de sintomas de hiperglicémia.
Os sintomas de níveis elevados de glicose no sangue incluem:
- Aumento da sede;
- Aumento da frequência com que se urina;
- Aumento da fome;
- Secura na boca;
- Visão turva;
- Sonolência;
- Comichão no corpo;
- Náuseas;
- Diminuição da resistência durante exercício físico.
Existem dois tipos de Diabetes:
A Diabetes tipo 1, que ocorre geralmente na infância e na adolescência, deve-se ao facto das células do pâncreas deixarem de produzir insulina e implica o tratamento com insulina para toda a vida.
A Diabetes tipo 2, é a forma mais comum da doença e associa-se ao excesso de peso e obesidade. Nesta forma de diabetes o pâncreas é capaz de produzir insulina, no entanto hábitos alimentares e estilos de vida pouco saudáveis tornam o organismo resistente ao desempenho da insulina. Na maioria dos casos trata-se com uma dieta adequada e exercício físico, no entanto pode ser necessário a toma de comprimidos (antidiabéticos orais) e em casos mais graves a administração de insulina. As pessoas com diabetes também devem parar de fumar e consumir apenas quantidades pequenas de gorduras e moderadas de álcool.
Não existem exames preventivos de rotina para detetar a diabetes tipo 1, mesmo para pessoas com risco elevado (por exemplo: irmãos e filhos de pessoas com diabetes tipo 1). Contudo, é importante verificar os níveis de glicose regularmente em pessoas com:
- Risco de apresentar diabetes tipo 2,
- Pré-diabetes (níveis de glicose no sangue são muito elevados para serem consideradosnormais, mas não altos o suficiente para serem rotulados como diabetes),
- Excesso de peso ou obesidade,
- Um estilo de vida sedentário,
- Pressão arterial elevada e/ou um distúrbio lipídico como colesterol elevado,
- Doença cardiovascular,
- Um histórico familiar de diabetes,
- Diabetes durante a gravidez ou tiveram um recém-nascido com mais de 4 quilos,
- Doença do ovário poliquístico.
As principais complicações de uma diabetes descontrolada são:
- Doença cardíaca e enfarte;
- Diminuição da função dos rins;
- Perda de visão;
- Disfunção sexual;
- Diminuição da sensibilidade das extremidades, nomeadamente dos pés podendocausar lesões graves;
- Problemas dentários.
Como as complicações têm menor probabilidade de se desenvolverem se os diabéticos controlarem rigorosamente os níveis de glicose no sangue, o objetivo do tratamento da diabetes é o de manter os níveis de glicose no sangue o mais próximo possível do normal. Cuidados adequados com os pés e exames oftalmológicos regulares podem ajudar a prevenir ou retardar o início das complicações da doença.É importante que o diabético conheça e compreenda bem o seu tipo de diabetes, só dessa forma poderá cumprir e melhorar o tratamento. A forma como lida com a sua doença será o principal fator de sucesso no tratamento.
As explicações são da médica Cláudia Ribeiro de Jesus.
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