18 de julho de 2013 - 16h03

A Direção-Geral da Saúde (DGS) avisou hoje que não lhe devem ser feitos pedidos de aprovação para tratamentos do cancro no estrangeiro, que tenham caráter experimental, como os das vacinas de células dendríticas.
“Os pedidos de autorização para assistência médica no estrangeiro relativos a tratamentos de caráter experimental, de eficácia ainda não comprovada cientificamente, nomeadamente o tratamento com vacinas de células dendríticas, não devem, por razões éticas, ser submetidos a aprovação da Direção-Geral da Saúde”, refere uma orientação hoje publicada no “site” da DGS.
Assinada pelo diretor-geral da Saúde, Francisco George, a nota refere que têm chegado à DGS pedidos de autorização para assistência médica no estrangeiro, visando tratamentos com aquelas vacinas.
A informação sobre este tratamento com vacinas de células dendríticas tem sido divulgada pela comunicação social, sem estar baseada em provas científica, diz a DGS.
Na orientação, Francisco George frisa que este tratamento tem ainda “natureza completamente experimental” e lamenta que as informações que têm sido divulgadas alimentem esperanças numa população “particularmente vulnerável”, como os doentes oncológicos.
“A informação disponível não permite que a população em geral possa distinguir entre tratamentos inovadores, aqueles que correspondem a uma novidade com valor terapêutico superior ao de terapêuticas mais antigas, e tratamentos experimentais, cujo uso é feito no âmbito de experiência ou ensaios”, refere a nota da DGS.
Esta direção-geral adianta ainda que cabe aos médicos a responsabilidade de informar os seus doentes sobre as opções de tratamento disponíveis.
Há algumas semanas, um canal de televisão apresentou um programa sobre este tipo de tratamento com vacinas de células dendríticas, feitos em algumas clínicas da Alemanha.
No último fim-de-semana, em reposta às reportagens divulgadas, a Ordem dos Médicos publicou uma nota no seu "site", em que a presidente do colégio de oncologia considerava as notícias sobre o tratamento como “despudorada publicidade”.
A Ordem, depois, veio pronunciar-se sobre o assunto, frisando que nenhuma sociedade de oncologia menciona o tratamento feito na Alemanha como alternativa nas suas opções terapêuticas.
Além disso, a Ordem recordou que a Agência Europeia do Medicamento ainda não reconhece aquele tratamento como tal, considerando que apenas está em investigação.
As células dendríticas são células de defesa do organismo, que ajudam na identificação de agentes agressores, como vírus e bactérias.

Lusa