Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina do Porto anunciou hoje que vai iniciar um estudo que pretende avaliar a eficácia da utilização de peças de vestuário com características especiais no tratamento da dermatite atópica.

A dermatite atópica é uma doença cutânea inflamatória crónica, caracterizada pelo aparecimento de manchas, lesões na pele e comichão.

Os investigadores da FMUP pretendem incluir neste ensaio clínico cerca de duas centenas de pacientes com dermatite atópica, com idades superiores a 12 anos.

“A colaboração no projeto não implica a toma de qualquer medicamento, basta usarem as peças de vestuário todas as noites, durante dois meses”, explicou a responsável pelo estudo, Cristina Lopes.

Os participantes serão avaliados por um profissional de saúde no início e no fim do estudo, devendo responder a um questionário relativo à qualidade de vida e efetuar uma análise de sangue. Os sintomas apresentados pelos pacientes serão avaliados antes e depois do uso das peças de vestuário. Esses dados serão depois comparados e a eficácia do pijama avaliada.

A ideia de criar roupa que pudesse tratar a dermatite atópica surgiu no seguimento de um projeto que envolveu o Serviço e Laboratório de Imunologia da FMUP e vários outros centros de investigação (Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes, Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal e Faculdade de Farmácia da U.Porto).

Segundo a investigadora, nesse projeto, criou-se um tecido de algodão orgânico especial, impregnado com quitosano que mostrou reduzir in vitro a proliferação de bactérias provenientes da pele de doentes com dermatite atópica.

O quitosano é um componente natural anti-microbiano e cicatrizante, utilizado noutros campos da medicina, como tratamentos de queimaduras e feridas cirúrgicas.

Os têxteis biofuncionais (materiais que funcionam biologicamente sobre a pele humana) são “uma área inovadora e promissora da Medicina. Se for comprovado o efeito benéfico dos têxteis impregnados em quitosano, os doentes com dermatite atópica beneficiarão de uma forma simples de tratamento complementar”, salientou Cristina Lopes.

Realizado por uma empresa de têxteis de Guimarães “com grande atividade no desenvolvimento tecnológico dos seus materiais, as peças de vestuário são suaves e confortáveis, mantendo as suas características mesmo após 30 lavagens”, referiu.

Afetando sobretudo as crianças (estima-se que cerca de 10 por cento das crianças com 6-7 anos e cinco por cento com 13-14 anos sofrem da doença em Portugal), a dermatite atópica assume contornos mais graves na idade adulta, tendo um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes e das suas famílias.

07 de novembro de 2011

@Lusa